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A morte de Fernanda Young e Sonia Abreu

Escritora foi coautora do sucesso 'Os Normais' na TV Globo. DJ inovou o cenário musical brasileiro

Por Da Redação Atualizado em 30 ago 2019, 08h41 - Publicado em 30 ago 2019, 07h40

“Onde queres descanso, sou desejo”, escreveu Fernanda Young em seu último post no Instagram, junto de uma foto de sua casa de campo no sul de Minas Gerais. A frase, curtida por quase 75 000 pessoas, funcionou como perfeito epitáfio. Fernanda morreria horas depois de publicá-la, vítima de um ataque de asma. Embora não tivesse nem 50 anos, produziu mais do que muitos velhos artistas. Foi escritora prolífica e roteirista que colheu fiascos de ibope — mas também um sucesso retumbante como Os Normais, série da Globo feita em parceria com o marido, Alexandre Machado. Exercitou seu feminismo peculiar em programas como o Saia Justa, do GNT. Ainda atacava de atriz — em setembro, estrearia uma peça teatral em São Paulo.

Talvez, no futuro, a morte ainda longe da velhice venha a cristalizar Fernanda como uma protagonista intelectual (mas pop) da sina que costuma acometer roqueiros de fama fulminante: “Viveu rápido, morreu jovem”. Com sua urgência de fazer e acontecer, humor desbocado e opiniões bombásticas, ela ostentava aquele tipo de energia de quem se nega a ficar maduro. Na derradeira coluna em O Globo, publicada na manhã seguinte à sua morte, ela cutucava, de um jeito bem Fernanda Young, o Brasil de Jair Bolsonaro: “A cafonice detesta a arte, pois não quer ter que entender nada. Odeia o diferente, pois não tem um pingo de originalidade em suas veias”. Ela morreu no domingo 25, aos 49 anos, de parada cardíaca causada por uma crise de asma, em Gonçalves (MG).


A PIONEIRA Dos PICKUPS

DIVERSIFICADA – Sonia Abreu: DJ que ia do rock pesado à world music (./.)

A paulistana Sonia Abreu foi uma desbravadora no cenário musical brasileiro. Na programação da Rádio Excelsior, nos anos 70, tocou bandas como Black Sabbath e Queen — a execução da longa e operística Bohemian Rhapsody, hoje um clássico do grupo inglês, rendeu uma bronca dos diretores da emissora. Em 1977, ela passou a discotecar na Papagaio, boate do empresário da noite Ricardo Amaral, tornando-se a primeira brasileira DJ. Sonia levou a música para além dos limites das casas noturnas e das programações radiofônicas. Foi a responsável pelo Ondas Tropicais, uma espécie de rádio itinerante que funcionava dentro de uma Kombi parada em locais estratégicos da cidade de São Paulo — a experiência depois se estenderia a um barco e a um trio elétrico. A inquieta Sonia também liderou, nos anos 90, a Banda do Quarto Mundo, combo de até 22 pessoas que se alternavam nos mais diferentes gêneros musicais, da world music ao rock pesado (entre as performances do grupo estava uma versão reggae do Bolero, de Ravel). Em abril de 2018, Sonia foi diagnosticada com esclerose lateral amiotrófica (ELA). Mas a doença não a impediu de trabalhar. Sua última atuação como DJ foi em junho, numa festa no centro paulistano. Morreu na segunda-feira 26, aos 68 anos, de complicações da ELA, em São Paulo.

Publicado em VEJA de 4 de setembro de 2019, edição nº 2650

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