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Mistura esquisita

Nunca na história deste país se inventou tanto drinque. A indústria de bebidas tradicionais agradece

Por Isabela Izidro
Atualizado em 8 jul 2017, 06h00 - Publicado em 8 jul 2017, 06h00

Se beber, não se intimide. O cardápio de coquetéis oferecidos nos bares Brasil afora tornou-se uma obra em progresso, com novidade em cima de novidade e ingredientes nunca antes bebericados. A busca por novos e inusitados drinques disparou nos últimos tempos, estimulada pela indústria de bebidas — que assim aumenta as vendas de destilados — e pela criatividade de uma nova e inquieta geração de barmen. E tome ingrediente esquisito: pimentão, bacon, chá, farofa, abóbora, barriga de porco, clara de ovo. “Quero tirar o cliente de sua comodidade”, diz Tai Barbin, 32 anos, barman e sócio do recém-aberto Nosso, no Rio de Janeiro. Lá, a peça de resistência dos coquetéis é o rum, primo caribenho da cachaça, que deixa o conforto da cuba libre e do mojito para encorpar, entre outras fórmulas inesperadas, um bloody mary que do original só preserva o suco de tomate.

No laboratório (é sério — ele tem um em casa) de Alex Mesquita, 37 anos, bartender premiado na última edição de COMER & BEBER de Veja Rio, predomina a cachaça. Mesquita é inventor inveterado de coquetéis. “Só neste primeiro semestre, foram mais de 200”, contabiliza o criador do américa, que leva abóbora, e do revolução brasileira, à base de beterraba. No Riviera Bar, em São Paulo, Kennedy Nascimento, um bartender-prodígio de 24 anos, usa e abusa do shrub, bebida conhecida como “vinagre de beber” por ser feita a partir desse líquido usualmente intragável. “O público estranha, mas aprecia”, garante. A corrida pela inovação não se limita aos líquidos. A taça do dry martini adquiriu novos usos, o copo americano (aquele do café nos bares) ganhou status nobre e até a caneca — de cobre — impôs respeito ao hospedar o moscow mule, um drinque antigo que virou mania e vem fazendo a festa dos fabricantes de vodca.

CUBA BLOODY MARY: rum branco, vinho tinto, suco de tomate, limão-siciliano, farofa de bacon, sal de barbecue e molho bordelaise (André Valentim/VEJA)

A arte de elaborar coquetéis nasceu em 1862, com o lançamento de O Companheiro do Bon-Vivant, um manual compilado pelo americano Jerry Thomas que se tornou a bíblia dos bartenders — ou mixologistas, seu título oficial. De lá para cá, muito destilado rolou até se alcançar a explosão criativa atual. “Vivemos um momento gigante da coquetelaria”, diz Alvaro Garcia, diretor de marketing da Diageo, a maior produtora mundial de bebidas alcoólicas. Garcia dá o exemplo do gim, cujas vendas cresceram 95% de 2015 para 2016 graças à revolução dos drinques. É justamente de gim misturado com jambu, aquela erva nortista que faz a boca formigar, a receita do tupi or not, criação antropofágica e remotamente shakespeariana do carioca Fernando Blower, de 34 anos. Arriscar ou não arriscar, eis a questão — mas é melhor arriscar.

Publicado em VEJA de 12 de julho de 2017, edição nº 2538

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