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Marcius Melhem: anárquico por natureza

Roteirista-chefe de humor da Globo comemora decisão do STF de liberar a sátira política durante as eleições e diz que não tem lado na hora de escrever piada

Por Bruno Meier Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 jun 2018, 06h00 - Publicado em 29 jun 2018, 06h00

Por unanimidade, o STF derrubou em definitivo os artigos da lei eleitoral que proibiam “trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo” ridicularizando políticos em campanha. Feliz? Sim. Mas já esperava por isso. Havia uma liminar de 2010 que suspendia esses artigos. Não conseguia imaginar um cenário diferente desse — um cenário sem humor. A eleição é o principal assunto do ano. Se um humorista não pode falar disso, perde a conexão com a sociedade.

Ao lado de Fabio Porchat e Bruno Mazzeo, você se reuniu com ministros do STF há três semanas. Como foi o encontro? Tranquilo. Porchat ligou para mim e o Bruno com a ideia de ir a Brasília falar com o ministro Alexandre de Moraes (relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade contra a proibição do humor). Também falamos com a ministra Cármen Lúcia e o ministro Dias Toffoli. Todos garantiram que teríamos liberdade.

É difícil, para um programa de humor, acompanhar os fatos de Brasília? Sinto que a velocidade dos acontecimentos já foi maior — no impeachment, por exemplo. Parece que deu uma esfriada, mas isso deve mudar. Tenho 22 roteiristas no Zorra. Trabalhamos com um bom adiantamento de gravações, mas ficamos atentos ao quente. Se um fato justifica, mando um “parem as máquinas” e voltamos ao estúdio.

Qual o episódio mais recente de “parem as máquinas”? Foi o dos brasileiros “cantando” com a menina russa. O quadro que fizemos a respeito teve 1 milhão de acessos nas redes em menos de 24 horas — e a esmagadora maioria dos espectadores criticava os brasileiros. Essa é nossa prática: quando o assunto está muito quente, a gente joga antes nas redes. Não esperamos o programa de TV.

Espera alguma diferença nessa eleição em comparação às anteriores? Até agora, a novidade são as fake news e os boatos de internet. A gente tem de fazer piada em cima das notícias falsas para alertar sobre o que elas podem fazer. São uma ameaça.

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Qual dos pré-candidatos a presidente é a maior piada? Todos têm elementos para virar piada. É claro que quem está na frente, com mais holofote, tem mais chance de ser satirizado. Ainda não decidimos se faremos imitações, mas todos os principais candidatos estão sujeitos a sátira.

Em 2016, VEJA perguntou se seu humor tinha lado. Sua resposta foi “pau que bate em Chico tem de bater em Francisco”. Você mantém essa postura? Sim. Respeito os que têm lado, mas na minha visão o humor é livre. Oposição a tudo, fiscal de todos os lados, anárquico por natureza. E assim vamos.

Publicado em VEJA de 4 de julho de 2018, edição nº 2589

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