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Hipoteca sem fim

Na série Ozark, pouco importa de que lado da lei está o cidadão: a luta para manter-se à tona das obrigações é a mesma para 99% dos americanos

Por Isabela Boscov 13 jul 2017, 12h44

Como tantos pais de família, o consultor financeiro Marty Byrde acha que a mulher e os filhos não apreciam seu trabalho duro e seus sacrifícios para mantê-los bem vestidos, bem alimentados e devidamente entediados com sua vida fácil. Para Marty, é irrelevante que muito de seu trabalho seja lavar dinheiro para um cartel de drogas; a labuta é a mesma. E atirar-se nela é o que Marty faz no dia em que descobre a traição de sua esposa (Laura Linney) e é achacado por Del (Esai Morales), o emissário do cartel. Com uma arma apontada para a testa e um barril de ácido à espera do seu cadáver, Marty convence Del de que pode lavar dinheiro com mais eficácia na estação de veraneio do Lago das Ozarks, no Missouri. Adiada a execução, vem a lenta morte doméstica: filhos emburrados, mulher furiosa, a angústia de recomeçar do zero. Interpretado por Jason Bateman (que dirige o tenso primeiro episódio) com a exasperação resignada que era o coração da série Arrested Development, o protagonista de Ozark, a partir da sexta-feira 21 na Netflix, é da linhagem de Família Soprano e Breaking Bad: um profissional de médio escalão acometido que luta para se manter à tona das suas obrigações. Calha, apenas, de o crime ser sua fonte de renda.

Se no início Ozark trata como exóticos os tipos caipiras e esquivos do Missouri, logo se vê que eles são aparentados de Marty. O corretor que só vende casas dilapidadas, o rapaz delinquente, a jovem marginal interpretada pela fabulosa Julia Garner: não há quem não deva, não tema e não se bata com a insatisfação. Isso é o que virou a vida dos 99%, diz Ozark — uma hipoteca que é impossível quitar.

Publicado em VEJA de 19 de julho de 2017, edição nº 2539


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