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Golpe fatal

Depois de quatro meses de protestos e 113 mortes, Nicolás Maduro pretende enterrar a oposição com uma Constituição à cubana. Ninguém parece capaz de detê-lo

Por Nathalia Watkins Atualizado em 30 jul 2020, 20h40 - Publicado em 29 jul 2017, 06h00

Durante os dezoito anos de experimento chavista, a Venezuela afundou cada vez mais num regime autoritário. Neste domingo, com a eleição para uma Assembleia Nacional Constituinte (ANC), o país sofrerá o golpe final. O Parlamento eleito será substituído, sepultando-se, assim, o último resquício de sistema democrático. O pleito não cumpre as normas da Constituição em vigor e foi convocado por um presidente cuja popularidade é raquítica, ainda que maior que a do presidente Michel Temer. A oposição não estará nas cédulas. Dois dias depois da votação, os 545 representantes iniciarão a elaboração da Carta Magna que recriará as instituições nos moldes cubanos. “Eles começarão pela destituição do Poder Legislativo, opositor, e pela dissolução do Ministério Público, que se voltou contra o regime. Em tese, a ANC poderá até tirar o presidente, se assim decidir”, diz o cientista político venezuelano Héctor Briceño.

Apesar da retração dos governos de esquerda na América Latina, Maduro não enfrentou, até agora, grande pressão externa para conter seus ímpetos autoritários. A Organização dos Estados Americanos (OEA) e o Mercosul não conseguiram ir além do rechaço moral. Já os Estados Unidos bloquearam os bens de treze chavistas de alto cacife e ameaçam impor um embargo ao petróleo, que responde por 95% das entradas de moeda forte na Venezuela. “Essa seria a retaliação mais eficiente, mas os americanos teriam de lidar com o aumento no preço do barril e uma possível reação adversa na América Latina”, diz o economista cubano Carmelo M­­esa-Lago, da Universidade de Pittsburgh.

Sem alternativa, a oposição pretende incendiar as ruas antes mesmo de a nova e ilegítima Constituinte tomar posse. Diferentemente de 2014, quando eram motivados pela inflação e pela escassez de alimentos e remédios, os protestos deste ano, que já resultaram em 113 mortes, ganharam o contorno de uma luta entre liberdade e autoritarismo. Apoiado pelos militares, o governo não deu sinais de querer voltar atrás. Maduro está disposto a aferrar-se ao cargo à força.

Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2017, edição nº 2541

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