Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Exuberância digital

O bitcoin atrai investidores pelo mundo e bate recorde de valorização. O risco é o dinheiro virtual ser apenas uma bolha especulativa

Por Giovanni Magliano Atualizado em 8 jul 2017, 06h00 - Publicado em 8 jul 2017, 06h00

Enquanto realizava um estudo sobre criptografia em 2009, o engenheiro elétrico norueguês Kristoffer Koch entrou em contato com uma novidade na época: o bit­coin, moeda virtual que prometia retirar o poder das instituições financeiras sobre as transações econômicas. Interessado em modernidades do labiríntico mundo da informática, Koch decidiu aventurar-se nessa descoberta e gastou pouco mais de 20 dólares para adquirir 5 000 bit­coins. A moeda então era pouquíssimo conhecida e tinha utilidade prática tão insignificante que Koch só voltou a se lembrar do assunto quatro anos mais tarde, quando soube de uma valorização expressiva nas cotações do dinheiro digital. Gastou um dia inteiro tentando relembrar sua senha e constatou que a aventura especulativa havia lhe rendido quase 890 000 dólares, o equivalente a 3 milhões de reais. Hoje é extremamente simples converter os valores digitais em qualquer moeda, por meio das corretoras especializadas espalhadas por todo o mundo, inclusive no Brasil. O engenheiro norueguês usou parte de sua fortuna para comprar um apartamento em um bairro nobre de Oslo.

(Coindesk/VEJA)

O interesse de novos investidores se explica pela alta vertiginosa das cotações do bitcoin e de outras moedas virtuais, como o ethereum, nos últimos meses. Muitos analistas financeiros alertam para o risco de estar sendo formada uma bolha especulativa. Trata-se de uma exuberância digital que faz lembrar os anos do entusiasmo irracional com a valorização das ações das empresas de internet. A maior fortuna em bitcoins (pelo menos entre as declaradas) pertence ao californiano Roger Ver, de 39 anos, com um patrimônio superior a 50 milhões de dólares. De julho de 2015 até hoje, o preço do bitcoin saltou de 260 dólares para 2 625, uma valorização de quase 1 000%. A febre especulativa já aportou no Brasil. “Percebemos o aumento do interesse de investidores mais qualificados. São pessoas entre 35 e 50 anos que já investiam na bolsa e querem testar novas aplicações financeiras”, afirma Luís Augusto Schiavon, sócio-fundador da corretora Foxbit, em São Paulo.

A REDE - Servidores do bitcoin na China: até agora, um sistema inviolável
A REDE – Servidores do bitcoin na China: até agora, um sistema inviolável (Paul Ratje/For The Washington Post/Getty Images)

Ainda que seu funcionamento siga incompreensível para a larga maioria da população cujos conhecimentos de informática não vão muito além de trocar mensagens e vasculhar redes sociais, há cada vez mais pessoas que enxergam nos bitcoins a possibilidade de, assim como Koch, obter excepcionais retornos financeiros. Para adquirir e negociar a moeda virtual, existem dois caminhos. O primeiro, similar à abertura de uma conta em um banco, é recorrer a uma corretora especializada. Há três grandes empresas que prestam esse serviço no Brasil. Elas exigem um processo de identificação, todo on-line. Por meio das corretoras, de maneira análoga à das casas de câmbio, é possível transformar o dinheiro na moeda corrente (reais, por exemplo) em moeda virtual. Paga-se uma taxa pelo serviço. A segunda maneira é baixar um dos vários tipos de programas gratuitos disponíveis na internet e criar a própria conta. É um processo parecido com o da criação de um e-mail. Não há a exigência de fornecer comprovantes para a identificação de usuário, e, por isso, esse é o caminho predileto de quem deseja se manter anônimo. Com sua conta pronta, é necessário encontrar, na web, alguém disposto a vender bitcoins. A forma mais simples de transformar bitcoins em dinheiro vivo é passar por uma corretora, mas isso significa, quase sempre, deixar rastros sobre a identidade dos envolvidos na transação. É fácil também fazer compras pagando com bit­coins, desde que, obviamente, o vendedor aceite a moeda virtual. O comerciante fornece um código de sua conta. Basta que o cliente faça a transferência dos seus bitcoins, algo parecido com o envio de um e-mail. É possível que isso seja realizado através de aplicativos. O vendedor pode checar em tempo real se o “depósito” foi efetuado.

Publicado em VEJA de 12 de julho de 2017, edição nº 2538

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.