Elas são o horror deles
No Iraque e na Síria, mulheres estão na linha de frente da batalha contra os muçulmanos fanáticos
Não há infortúnio que possa causar maior pavor a um membro do Estado Islâmico (EI) do que ser morto por uma mulher. Na visão dos jihadistas, isso os impediria de subir ao paraíso. Para azar deles, elas são muitas. No Iraque e na Síria, as amazonas curdas que lutam no Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e na sua versão síria, o YPG, estão na linha de frente da batalha contra os muçulmanos fanáticos. Estima-se que sejam metade do contingente de soldados desses dois grupos. Vaidosas, elas cuidam do penteado e fazem as tranças umas das outras. Também gostam de usar lenços, geralmente floridos. Pregam a liberdade, defendem valores democráticos e são incrivelmente respeitadas e admiradas por seus colegas homens. Em Hasaka, uma província no nordeste da Síria, passam algumas semanas aprendendo táticas de guerra e de primeiros socorros. A foto ao lado mostra a despojada cerimônia de formatura de uma das classes do YPG. Quando estão prontas, elas se dirigem para Raqqa, a capital do Estado Islâmico, onde cerca de 2 000 terroristas lutam contra as forças da coalizão liderada pelos Estados Unidos. Cercados dentro da cidade, eles combatem em toda esquina e realizam atentados suicidas. Na página do Facebook das guerreiras curdas, elas anunciaram na terça-feira 8 que conseguiram neutralizar trinta membros do EI em Raqqa. Junto ao corpo de um deles, elas encontraram um pequeno livrinho que imitava um documento de viagem, com a inscrição “passaporte para o paraíso” na capa. Mais um que foi direto para o inferno.
Publicado em VEJA de 16 de agosto de 2017, edição nº 2543