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“É cool e dá uma grana”

Especialista em ondas gigantes, pernambucano, que lançou ‘Profissão: Surfista’, livro de memórias, fala do amadurecimento do esporte que estará na Olimpíada

Por Alexandre Salvador Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jan 2018, 15h04 - Publicado em 29 dez 2017, 06h00

Sua biografia parece uma grande terapia. Foi dessa forma que você encarou esse projeto? Desde o início pensei em escrever o livro dessa forma direta e sincera. É como encaro a vida. Não tenho rabo preso, ou seja, não preciso do livro para angariar recursos, para vender palestras. É de ser humano para ser humano.

No livro, você fala abertamente sobre suas experiências com maconha na adolescência. Quão verdadeira é a relação que se faz entre surfe e drogas? É uma grande hipocrisia e uma visão antiquada. O estereótipo de que o praticante de surfe é um vagabundo vem do fato de nosso escritório estar à beira d’água. Nosso desafio foi transformar essa imagem e nosso local de trabalho, sem drogas e com disciplina, profissionalismo e metas estabelecidas. Acho que conseguimos alcançar esse feito. Afinal, nosso esporte acaba de entrar para o programa olímpico.

Qual o perfil do surfista hoje? Na minha época, o esporte estava intimamente ligado à rebeldia, à vontade de ter mais liberdade e a um perfil mais preocupado com a natureza. Essas características ainda estão presentes, mas somam-se a elas a fama e a preocupação com redes sociais. Hoje, ser surfista é cool — e dá uma grana.

Você salvou a surfista Maya Gabeira quando ela caiu de uma onda de 20 metros em Nazaré, em Portugal. Foi seu momento mais tenso no mar? Sou um cara emotivo, choro pra caramba, mas muito pragmático. Não gosto de drama. Naquela hora, eu não podia me dar ao luxo de me perder em devaneios. Eu era um surfista com experiência naquele tipo de onda enfrentando uma situação de emergência. Fiz tudo de acordo com os meus instintos. Depois, é claro, quando fui visitar Maya no hospital, nós choramos juntos. Mas dissemos que faríamos tudo novamente. Tanto é que voltamos a Nazaré e surfamos lá.

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Das tantas memórias do livro, qual você quer guardar para sempre? Olha, quero me lembrar daquele momento, lá atrás, quando meu pai me disse que, se escolhesse ser surfista profissional, eu terminaria a vida puxando carroça e catando lixo. Essa frase sempre me motivou muito. Só de falar isso de novo eu já me emociono. Tive muitos altos e baixos na vida e na carreira, então ver até onde eu cheguei, onde o surfe está hoje, me faz transbordar de alegria. E meu pai me procurou um dia para dizer: “Filho, hoje vieram me perguntar o que eu era do Carlos Burle”.

Publicado em VEJA de 3 de janeiro de 2018, edição nº 2563

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