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De pequenino se torce o pepino

Referência mundial em ensino na primeira infância, a americana Lynn Kagan diz que investir em qualidade nessa fase é fundamental para o futuro da criança

Por Monica Weinberg Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 jul 2017, 19h27 - Publicado em 6 jul 2017, 13h50

Reconhecida no mundo todo como uma das maiores especialistas em primeira infância, a americana Sharon Lynn Kagan costuma rodar o planeta prestando consultoria a governos — inclusive o dos Estados Unidos — sobre como implantar métodos eficientes de ensino na etapa pré-escolar. Lynn, da Universidade de Colúmbia, em Nova York, já percorreu 75 países, sempre enfatizando a ideia de que a criança que recebe os estímulos certos desde cedo terá vantagens excepcionais ao longo de toda a vida. Nesta sua quarta viagem ao Brasil, para participar do 1º Congresso de Jornalismo de Educação, a convite da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, especializada no tema, Lynn falou a VEJA.

O COMEÇO É DECISIVO

“Uma educação de alto nível nos primeiros anos de vida produz uma série de efeitos positivos duradouros. Esse é o período em que mais se aprende. A criança que for incentivada de forma adequada desde a largada terá mais chances de obter um bom desempenho acadêmico, concluir o ensino médio, arranjar emprego e ganhar mais. São menores, por sua vez, as probabilidades de ela se tornar um adulto fumante e até de vir a se envolver com o crime. Por todas essas evidências, estou convicta de que investir na primeira infância é uma das grandes medidas que um país pode tomar para dar um salto de desenvolvimento.”

FUNCIONA, SIM

“O que os bons programas voltados para os primeiros anos da criança têm em comum? Eles conseguem reunir professores que entendem como se dá o aprendizado no início da vida e são treinados para potencializá-lo. A educação de qualidade germina ainda onde há metas bem claras — e não é porque a criança é pequena que não haverá — e bem monitoradas, de modo que se possam corrigir rumos ao longo do percurso. A capacidade de atrair os pais é também essencial. Antes de tudo porque, se eles participam desde cedo, transmitem ao filho a mensagem de que dão valor à educação. São, afinal, os primeiros e os mais importantes professores.”

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FAMÍLIA EM AÇÃO

“Os estudos mostram que os pais que contam histórias interessantes e leem todo dia para o filho estão dando um enorme empurrão para a sua formação. Outro hábito que tem impacto é pôr a criança para pensar sobre o mundo que a cerca, fazendo perguntas menos óbvias e mais abrangentes do que ‘qual é a cor do seu sapato?’. Melhor seria: ‘Para que servem os calçados?’, e por aí vai. Assim, ela começa a desenvolver o raciocínio e o uso da linguagem. Mas atenção, sem excessos: às vezes, por ansiedade e despreparo, os pais põem pressão demais sobre os filhos. E pressão desmedida é um perigo: ela pode trazer um retorno exatamente contrário ao esperado.”

A IDADE CERTA

“Não existe a melhor idade para a criança ingressar em uma creche. O que existe, isto sim, é a convicção de que o cérebro infantil funciona como uma esponja para o aprendizado desde os primeiros instantes da existência. As crianças logo começam a desenvolver habilidades sociais e vínculos e iniciam-se na compreensão de causas e efeitos, adquirem senso de proporção e noções preliminares da linguagem. Assimilar conhecimento é algo natural, mas os adultos podem e devem proporcionar-lhes boas experiências para que o façam mais e melhor, dentro e fora da escola. O que já se sabe é que, quanto mais pobres e desprovidas de estímulos em casa elas forem, mais benefícios terão ao entrar cedo em uma creche de qualidade.”

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O BOM CURRÍCULO

“Sempre defendi a existência de um currículo para a pré-escola. Houve uma época em que era muito criticada por isso. Diziam: ‘Vai criar uma rigidez na escola, vai ser uma camisa de força para o professor’. Hoje quase todo mundo adota currículos. Os realmente bons são aqueles que revelam com clareza o que a criança deve aprender em cada etapa e levam em conta seu desenvolvimento social, emocional e cognitivo. A ideia é incentivá-la a fazer as perguntas certas e mantê-la curiosa e motivada a aprender por meio da brincadeira, sempre. Currículos que funcionam têm ainda o mérito de ser escritos em linguagem compreensível, para que o professor possa aplicá-los, e não em jargão acadêmico.”

OLHO NO BRASIL

“Venho ajudando governos do mundo todo a construir seus sistemas de ensino para a pré-escola. O Brasil me interessa: é um país populoso, jovem e relevante do ponto de vista econômico, que tem muito a se beneficiar.”

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Publicado em VEJA de 5 de julho de 2017, edição nº 2537

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