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O primeiro 'Kingsman' já traía que Matthew Vaughn quer mesmo é um emprego de diretor de filme do 007. Mas, na continuação, ele exagera nos disparates

Por Isabela Boscov Atualizado em 29 set 2017, 06h00 - Publicado em 29 set 2017, 06h00

Parceiros no início da carreira, os ingleses Guy Ritchie e Matthew Vaughn vêm, há tempos, pleiteando o cargo de diretor de um filme de James Bond: da parte de Ritchie, com O Agente da U.N.C.L.E. e com seus Sherlock Holmes; da parte de Vaughn (que até já dirigiu Daniel Craig, em Nem Tudo É o que Parece), com X-Men — Primeira Classe e com o atrevido Kings­man: Serviço Secreto, de 2014. Os Kingsmen são agentes secretos que usam como fachada uma alfaiataria na Savile Row e adotam codinomes inspirados na lenda da Távola Redonda. Sua missão é combater vilões de alcance global — e, por uma questão de princípio, rechaçar também os maus modos. No primeiro filme, Eggsy (Taron Egerton), um garoto da periferia londrina, era primorosamente treinado pelo agente sênior Galahad (Colin Firth) em todas as artes que se esperam dos espiões, e também na arte de ser um perfeito cavalheiro. Ultraviolento e deliciosamente debochado, o filme soava como uma proposta para refeitura à la mode de uma das aventuras originais de Sean Connery. Já a continuação Kingsman: o Círculo Dourado (Kingsman: The Golden Circle, Inglaterra/Estados Unidos, 2017), que está em cartaz no país, tem veia bem diversa: Roger Moore, o 007 pândego, se sentiria bem mais à vontade aqui.

Os filmes com Moore ficaram célebres pelos disparates. E disparates há aos montes em O Círculo Dourado — embora nem todos, talvez, propositais. Entre os que se pode afirmar com certeza terem sido planejados estão cenas como a de abertura, na qual o táxi preto de Eggsy é perseguido com manobras de rali por bandidos armados de bazucas: Eggsy passa alguns segundos voando sobre a capota, surfa atrás do veículo na porta que foi arrancada dele e, por fim, escapa entrando com o táxi anfíbio no lago do Hyde Park (como o para-bri­sa se foi, porém, tem de prender a respiração). Em Kingsman, as cenas de ação são feitas para ser assim, com ênfase idêntica em “cena” e em “ação” — a graça está nisso, em ostentar seu absurdo.

Dá quase tudo certo, também, com a ideia de mandar Eggsy e o contramestre Merlin (Mark Strong) para o Sul americano, onde seus parceiros, os Statesmen, têm como fachada uma destilaria e adotam nomes de bebidas (Jeff Bridges, Pedro Pascal, Halle Berry e Channing Tatum compõem o contingente). A doidice sai da marca, entretanto, em tudo que toca à vilã, a traficante desequilibrada Poppy (Julianne Moore). A insistência na mania dela por robôs e pelo décor dos anos 50 estende-se além do divertido, assim como sua preferência por hambúrgueres feitos com matéria-prima de origem duvidosa. Até de Elton John — o próprio — o filme tira partido em excesso. Outro despautério é a recuperação de Galahad de nada menos que um tiro na testa. Mas aí é preciso desculpar o diretor: dispensar Colin Firth do elenco é que seria, sim, um desatino.

Publicado em VEJA de 4 de outubro de 2017, edição nº 2550

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