Nos anos 1950, depois de trabalhar como repórter fotográfico durante os conflitos na Indochina (atuais Vietnã, Laos e Camboja), a serviço da imprensa parisiense, o francês Raymond Cauchetier passou a viver entre a França e a Ásia — numa de suas temporadas em Angkor, foi chamado pelo diretor Marcel Camus para fazer os registros das filmagens de um drama.
Nascia ali um dos personagens fundamentais, embora esquecido por décadas, da chamada Nouvelle Vague, liderada por Jean-Luc Godard e François Truffaut. São de Cauchetier algumas das imagens mais conhecidas de Acossado (1960), especialmente as que mostram Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg andando no Champs-Élysées, e as de Jules e Jim — Uma Mulher para Dois (1962). As fotografias de Cauchetier, mais até do que as imagens em movimento, ajudaram a criar o rosto de um tempo de aceleradas mudanças que culminariam com os movimentos de maio de 1968. É impossível caminhar por livrarias de todo o mundo sem ver, aqui e ali, em livros e postais, os registros em preto e branco, raramente coloridos, de uma figura injustiçada. Cauchetier morreu em Paris, em 22 de fevereiro, aos 101 anos. Foi diagnosticado com Covid-19.
O mundo visto por Churchill
A tela a óleo Torre da Mesquita Koutoubia foi um quadro pintado por Winston Churchill durante a II Guerra. A paisagem de fim de tarde de Marrakesh, no Marrocos, norte da África, veio à luz em janeiro de 1943, depois da conferência de Casablanca, quando o primeiro-ministro britânico e o presidente americano Franklin Roosevelt acordaram que só haveria um fim digno para o conflito: a rendição incondicional da Alemanha, Itália e Japão. O trabalho foi dado de presente a Roosevelt. Há alguns anos, foi comprado por Brad Pitt, que o ofereceu a Angelina Jolie. Na terça-feira 2, a peça foi leiloada na mítica casa Christie’s, de Londres, pelo equivalente a 63 milhões de reais. O dinheiro será destinado à benemerência.
O pai do reggae
O jamaicano Bunny Wailer fez história ao fundar, ao lado de Bob Marley e Peter Tosh, a banda The Wailers, em 1962. O reggae e o mundo não seriam mais os mesmos depois deles. Bunny morreu em Kingston, em 2 de março, aos 73 anos, de causas não reveladas.
Publicado em VEJA de 10 de março de 2021, edição nº 2728