Morreram
Richard Wilbur, poeta e professor universitário de literatura nova-iorquino que venceu dois Pulitzer, o principal prêmio literário americano. Conquistou a distinção pela primeira vez em 1957, pela coletânea Things of This World (Coisas Deste Mundo). Na obra constava seu mais famoso poema, A Baroque Wall-Fountain in the Villa Sciarra (Uma Fonte de Parede Barroca em Villa Sciarra), no qual descreve a beleza de uma construção romana. O segundo Pulitzer veio em 1988, com New and Collected Poems (Poemas Novos e Reunidos), marcado por seu estilo lúdico. Filho de um pintor, Wilbur teve contato com as artes desde pequeno. Em 1942, formou-se em jornalismo. Desistiu de atuar na área para servir no Exército na II Guerra. Após o fim do conflito, escreveu seu primeiro livro, The Beautiful Changes (As Belas Mudanças), publicado em 1947, o mesmo ano em que terminou um mestrado na Universidade Harvard. Foi nessa instituição que começou a dar aula. No total, lançou nove livros de poemas. Dia 14, aos 96 anos, de causas não divulgadas, em Massachusetts.
Ricardo Zarattini, ex-militante de esquerda, torturado durante a ditadura, e ex-deputado federal (PT-SP). Era pai do também deputado e líder do partido na Câmara, Carlos Zarattini (PT-SP). Nascido em Campinas, mudou-se para a capital paulista a fim de cursar engenharia na USP. Engajado politicamente desde a adolescência, foi perseguido pelo regime militar. Preso em dezembro de 1968, sofreu tortura, mas conseguiu fugir no ano seguinte. Pouco depois, em julho de 1969, foi detido e torturado novamente. Saiu da cadeia porque teve seu nome incluído na lista de presos políticos — como José Dirceu — cuja liberdade foi negociada em troca do embaixador americano Charles Burke Elbrick, sequestrado por grupos armados de oposição e solto em setembro daquele ano. Zarattini viveu exilado no México, no Chile e em Cuba. Voltou ao país, clandestinamente, em 1974. Concorreu à Câmara em 2002, e só assumiu em 2004, como suplente. Dia 15, aos 82 anos, em decorrência de um câncer na medula, em São Paulo.
Roy Dotrice, ator britânico. Foi membro da Royal Shakespeare Company, esteve em mais de cinquenta peças e atuou também no cinema. Deixou sua terra natal, a Ilha de Guernsey, território britânico na costa francesa, em 1940, após a invasão nazista, e seguiu para a Inglaterra. Em 1942, ano de seu alistamento, o avião em que se encontrava foi derrubado. Capturado, interpretou na prisão seu primeiro papel — em Cinderela — para entreter os inimigos e convencê-los a não matá-lo. Depois da guerra, dedicou-se à carreira artística. No cinema, seu papel mais famoso foi em Amadeus (1984), no qual interpretou o pai do compositor austríaco Mozart (1756-1791). Dia 16, aos 94 anos, de causas não divulgadas, em Londres.
Publicado em VEJA de 25 de outubro de 2017, edição nº 2553