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Das coisas que nunca mudam

Não é por ser mulher e negra que Dee Rees mereceria disputar o Oscar, mas sim porque, como demonstra 'Mudbound', ela é uma cineasta de talento exuberante

Por Isabela Boscov Atualizado em 9 fev 2018, 06h00 - Publicado em 9 fev 2018, 06h00

Dois irmãos cavam a lama para enterrar o pai, um com dever filial, o outro com ódio: desde a cena inicial, é a paleta do mito a que a diretora Dee Rees escolhe para Mudbound — Lágrimas sobre o Mississippi (Mudbound, Estados Unidos, 2017; estreia nesta quinta­-feira), e ela a maneja com tanto controle e segurança que é lamentável que não esteja disputando o Oscar. Não porque é mulher e negra, uma conjunção rara entre realizadores, mas porque tem um talento natural e exuberante, e o disciplina com grande coesão visual e narrativa. E porque, ao fazer a adaptação do romance homônimo da americana — branca — Hillary Jordan (pela qual, aí sim, concorre ao Oscar), fez uma escolha instigante.

(Arte/VEJA)

Mudbound trata de duas famílias atadas à terra (esse é o sentido do título original) no Sul da II Guerra Mundial: uma branca e a outra, negra. O jovem casal branco (Jason Clarke e Carey Mulligan) compra uma fazenda, e com ela vêm os meeiros negros (Rob Morgan e Mary J. Blige). Ambas as famílias são pobres e lutam para cultivar algo. E ambas aguardam a volta de soldados do front — Jamie (Garrett Hedlund), o irmão do proprietário, e Ronsel (Jason Mitchell), o filho dos meeiros. Quando os dois retornam, o Missis­sip­pi segregado e retrógrado os sufoca, e a amizade que surge entre eles engendra não conciliação, mas mais ódio. É uma história de coisas que não mudam apesar do mundo que muda à volta delas, contada de seis pontos de vista distintos sem que nunca se perca o fio, e repleta de atuações notáveis. Um primor, enfim.

Publicado em VEJA de 14 de fevereiro de 2018, edição nº 2569

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