Carta ao leitor: Passo a passo
Nesta edição, VEJA trata de um estudo que mostra o excelente resultado do uso da cetamina em pacientes idosos que sofrem de depressão
VEJA sempre dedicou espaço privilegiado aos temas relacionados à saúde. Um deles, a depressão, mal de nossa civilização, ocupa posição de destaque nos radares dos repórteres e editores da revista. A depressão é uma doença psiquiátrica de imensa incidência. Estima-se que atinja quase 5% da população mundial, o que equivale a 330 milhões de pessoas. No Brasil, ela tem prevalência um pouco maior, chegando a 6%, o que corresponde a cerca de 12 milhões de pessoas.
A mais recente novidade nesse campo é o excelente resultado do uso da cetamina em pacientes idosos que sofrem de depressão e não encontram alívio em nenhum outro tratamento. A cetamina foi criada a partir de uma substância anestésica empregada na década de 60 para atender soldados americanos durante a Guerra do Vietnã. Nos anos 1990, chegou a ser consumida em clubes noturnos como alucinógeno, evidentemente proibido.
Nos últimos cinco anos, a cetamina começou a ser avaliada como um antidepressivo em universidades e em testes de laboratório. Na época, atenta à evolução das pesquisas, VEJA publicou uma reportagem de capa, em novembro de 2012, em que anunciava aos leitores as promessas da nova substância.
Os estudos evoluíram bem ao longo dos anos, e a revista voltou a falar sobre o tema em reportagem de quatro páginas publicada em setembro do ano passado. Nela, dizia que as análises mais recentes indicavam sucesso no combate aos casos mais severos de depressão, que incluem o risco iminente de suicídio.
Agora, em reportagem na página 80, VEJA retoma o assunto, mais uma vez, para trazer uma boa notícia: a cetamina está na reta final para chegar ao mercado. Os resultados científicos são animadores, e os órgãos que regulamentam a circulação de medicamentos estão inclinados a aprovar o novo remédio. Com tudo jogando a favor, é possível que a cetamina esteja nas prateleiras das farmácias já no ano que vem.
A insistência no assunto expressa a atenção editorial de VEJA para com o sofrimento mental de milhões de pessoas. Trata-se de um sofrimento de uma intensidade tão brutal que levou a poeta americana Sylvia Plath (1932-1963), ela própria vítima de depressão, a fazer uma indagação desesperada: “Há um meio de sair da própria mente?”.
Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2017, edição nº 2541