Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: Para entrar na história

O caminho do meio e do bom senso deve sempre prevalecer — é o que se espera de 2021

Por Da Redação 24 dez 2020, 06h00

Alguns anos são tão intensos que se tornaram marcos na história da humanidade. Foi assim, por exemplo, com 1968, em que foi “proibido proibir”, a temporada das grandes manifestações de rua, do grito pelos direitos civis e pela liberdade sexual das mulheres. Foi assim em 1989, para ficarmos apenas no século XX, com a avalanche de derrocadas dos países-satélites da União Soviética, depois da queda do Muro de Berlim. Por seu aspecto trágico e pelo impacto gerado na vida de bilhões de pessoas, o ano de 2020 fará parte desse grupo. Ele termina com a triste contagem de mais de 1,7 milhão de mortes em decorrência da Covid-19, quase 190 000 somente no Brasil. Com uma intensidade inédita, a pandemia fez ruir as economias ao pôr populações inteiras dentro de casa, em quarentena. Reinventou também o trabalho, levado a reu­niões por videoconferência, e os relacionamentos, ao forçar o distanciamento social. Em paralelo, a disseminação do novo coronavírus foi o pano de fundo de dois outros movimentos que marcaram os últimos doze meses. O primeiro deles: a violência racista, cujo triste ápice foi o assassinato do negro americano George Floyd, asfixiado pelo joelho de um policial branco, em maio, depois repetido no Brasil, em novembro, com a morte de João Alberto Freitas em um supermercado no Rio Grande do Sul. O segundo grande risco pôs em questão a própria democracia, com o erguer de vozes populistas, que desdenharam vergonhosamente da ciência na luta contra a Covid-19 e desafiaram a escolha popular, como fez Donald Trump até quando pôde nos Estados Unidos.

Mas, vencido 2020, é possível sublinhar, sim, que, apesar de tudo, apesar das mortes, apesar das posturas equivocadas de quem grita até contra a vacinação, há caminhos de esperança. Nos Estados Unidos, a eleição de Joe Biden foi sacramentada. No Brasil, embora a política tenha patinado, com arroubos desnecessários do presidente Jair Bolsonaro, as instituições sobreviveram valentemente — o Executivo, o Legislativo e o Judiciário continuam a cumprir suas missões originais. Parecem ter tomado doses suficientes de vacinas que os imunizaram contra o autoritarismo, a maior ameaça dessa doença desde a reabertura democrática e a Constituição de 1988. Tal equilíbrio, importante ressaltar, será crucial para que o país volte a crescer e gere prosperidade a seus cidadãos. Em sua grande maioria, os brasileiros reafirmaram essa postura ao se afastar nas eleições municipais dos candidatos mais radicais e que navegam no ódio fácil das redes sociais. O caminho do meio e do bom senso deve sempre prevalecer — é o que se espera de 2021, ano que se inicia ainda à sombra da pandemia, mas agora com a luminosa estrada aberta pelo tão aguardado frasco de vacina.

Publicado em VEJA de 30 de dezembro de 2020, edição nº 2719

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.