Carta ao Leitor: O triunfo da curiosidade
Reportagem desta edição mostra o que pode ser único e genético, e o que pode ser treinado, no cérebro dos gênios e dos mortais comuns
A investigação sobre a mente dos gênios é um campo de imenso e eterno fascínio. Como ela se forma, no que difere da massa encefálica de seres humanos menos dotados, quais habilidades são mais afeitas aos muitíssimo aptos? É compreensível, portanto, que tantos cientistas tenham se debruçado sobre o cérebro de Albert Einstein — retirado pelo médico-legista após sua morte, em 1955 — em busca da explicação para um grande enigma: existiria no órgão alguma característica anatômica capaz de influenciar a inteligência de uma pessoa? A resposta a essa pergunta não diz respeito apenas a Einstein. Outro grande nome de incontornável atração é Leonardo da Vinci, o artista e ícone da Renascença que nos legou obras-primas hoje até mais populares que ele mesmo, como Mona Lisa e A Última Ceia, além de ideias inaugurais do que viriam a ser a aviação e os estudos de balística.
Uma reportagem desta edição de VEJA mergulha no universo de Da Vinci com base em um livro lançado simultaneamente em todo o mundo na semana passada: Leonardo da Vinci, de Walter Isaacson, apresentado pela editora Intrínseca como a biografia definitiva do mestre renascentista. Isaacson, jornalista veterano com passagem pela revista Time e pela rede CNN, tem um interesse especial pela genialidade humana, razão pela qual também escreveu a biografia de Einstein e a de Steve Jobs.
A reportagem contempla as revelações de Isaacson descritas em seu livro, mas faz um exame mais amplo, tentando entender a gênese de um gênio. O texto mostra o que pode ser único e genético, e o que pode ser treinado, no cérebro desses gigantes — e, também, no cérebro dos mortais comuns. No velho jargão criado por outro colosso, Thomas Alva Edison, talvez tudo não passe de “1% de inspiração e 99% de transpiração”.
O editor de Cultura de VEJA, Marcelo Marthe, paulista de Sorocaba, de 48 anos, metade dos quais na revista, foi quem cuidou dessa estimulante travessia intelectual. “Por meio da trajetória de Da Vinci, é possível refletir sobre a natureza da genialidade, desde a gênese desse conceito, no século XIX, até os dias de hoje”, diz Marthe. “Ele é a prova do triunfo da curiosidade e da imaginação como motores da inovação e do conhecimento.”
Discreto, objetivo e talentoso, Marthe é um profissional, digamos assim, de inspiração renascentista, dada a gama de interesses pelos quais passeia. Já foi vocalista de um grupo de rock pós-punk, o Vzyadoq Moe, cujo nome nada significa além de um apanhado de letras aleatórias. Como repórter da área de cultura e entretenimento, fez coberturas que vão da cantora Elba Ramalho à série Game of Thrones. Conhece televisão e artes plásticas como poucos, e é capaz de definir um programa ou uma tela com duas ou três palavras precisas. É, também, um amante das plantas e flores — hobby a que dá vazão no blog e no programa O Jardineiro Casual, veiculados no site de VEJA.
Publicado em VEJA de 25 de outubro de 2017, edição nº 2553