Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Carta ao Leitor: O poder da juventude

Nesta edição, VEJA reuniu as histórias de vinte brasileiros para acompanhar a partir de 2020. Eles são o retrato de um novo tempo

Por Da Redação Atualizado em 3 jan 2020, 10h16 - Publicado em 3 jan 2020, 06h00

Em janeiro de 1942, o escritor Mário de Andrade (1893-1945) respondeu a uma carta que recebera de Fernando Tavares Sabino (1923-2004), a quem de chofre sugeriu que assinasse apenas Fernando Sabino. “Antes de mais nada: eu achava que os estreantes deviam pôr nos seus livros a idade que têm. Que idade tem você? Isso importa extraordinariamente nesse caso como o seu, por causa justamente das possibilidades fartas. Se você está rodeando os vinte anos, de vinte a vinte e cinco como imagino, lhe garanto que o seu caso é bem interessante, que você promete muito. E o livro, neste caso, é bom. Mas se você já tem trinta ou trinta e cinco anos, já estudou muito (você parece de fato se preocupar com a expressão linguística) e está homem-feito, não lhe posso dar aplauso que valha.” Sabino tinha 18 anos e era mais conhecido em Belo Horizonte pelas vitórias nos campeonatos de natação do que por sua disposição de mergulhar fundo na literatura. O resto é história, um encontro marcado com a boa ficção e a crônica de excelência. Que idade boa de ter, 20 anos — embora Paul Nizan, em Áden, Arábia (1931), um clássico das letras francesas do século XX, tenha alertado, um tanto derrotista: “Não me venham dizer que é a mais bela idade da vida. Tudo ameaça um jovem de destruição: o amor, as ideias, o afastamento da família, o ingresso no meio dos adultos. Custa-lhe aprender o seu lugar no mundo”.

Ter 20 anos é poder sonhar, poder errar e intuir que haverá muito tempo ainda para correções e aprendizado — é saber que o mundo, de um jeito ou de outro, conseguirá, sim, um lugarzinho para a juventude e sua inesgotável força transformadora. Nesta edição, VEJA reuniu as histórias de vinte brasileiros para acompanhar a partir de 2020. Eles são o retrato de um novo tempo. Vocalizam o começo, em algumas situações; o recomeço, em outras; mas sobretudo a permanente vontade de criar algo diferente, inovador, mais democrático, mais inclusivo — isso tudo de que o Brasil tanto necessita.

Na seleção dos personagens que aparecem na reportagem que começa na página 58, houve um corte rigoroso: precisariam ter nascido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2000, nem um dia a mais, nem um dia a menos. Em 2020, portanto, completam 20 anos cravados. Alguns buscam construir a vida no exterior. Formam um contingente afeito a retratar, do modo mais amplo possível, os humores dessa turma que não para de querer mudar a sociedade. Tão ávida, tão entusiasmada, sempre do contra, invariavelmente afoita, a ponto de atormentar o irascível, conservador e genial dramaturgo e cronista Nelson Rodrigues (1912-1980). Numa de suas últimas entrevistas, meses antes de morrer, o autor de Vestido de Noiva (1943) chegou a fazer uma recomendação, instado a dizer algo a respeito dos estudantes que saíam às ruas nos primeiros anos depois da abertura democrática: “Jovens, envelheçam rapidamente”. É uma frase, dentro de seu atávico mau humor, que revela o permanente incômodo e o eterno fascínio provocados pelos jovens. Um tema, aliás, que sempre mereceu atenção especial de VEJA, em seus mais de cinquenta anos de história, por um motivo simples: eles representam o melhor e o mais adequado atalho para o futuro, apesar dos incontornáveis acidentes de percurso.

Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.