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Carta ao Leitor: O futuro da educação

É caminho sem volta: recursos tecnológicos precisam urgentemente ser aplicados com inteligência na instrução de crianças e jovens brasileiros

Por Da Redação Atualizado em 26 jun 2020, 06h52 - Publicado em 26 jun 2020, 06h00

“Eduquem as crianças, e não será necessário punir os adultos”, escreveu o filósofo e matemático grego Pitágoras (570 a.C.-495 a.C.), numa frase que atravessou milênios sem nunca ter perdido sua perturbadora relevância. A educação, não há dúvida, é o melhor termômetro para medir o avanço de qualquer sociedade, longa estrada a ligar o passado, o presente e o futuro das civilizações. A pandemia do novo coronavírus, que tem forçado a humanidade a se reinventar, mexeu com os alicerces de quase tudo, na economia, no trabalho, na diversão — mas poucas transformações foram mais ruidosas do que a transposição das salas de aula para a casa dos alunos. O ensino on-line, compulsório e emergencial, pegou de surpresa as instituições educacionais, professores e pais — e expôs, inapelavelmente, as mazelas históricas do sistema brasileiro, da infância à idade adulta. Há exceções, de louvável e comovente empenho, porém a adaptação até agora não parece ter sido bem-sucedida. Uma pesquisa do Instituto Península com 7 700 professores do ensino fundamental ao médio mostra que 83% deles se sentem despreparados para preleções a distância. Vire-se a câmera de videoconferência para o outro lado, e o que se percebe, no cotidiano doméstico, são famílias tensas, estudantes desatentos, cansados, invariavelmente distraídos com outros atrativos — sobretudo os menores. É assim nos colégios privados, e pior, muito pior, nos públicos. Um levantamento do governo de São Paulo revelou que mais da metade dos 3,7 milhões de alunos não consegue acessar equipamentos eletrônicos, por falta de rede de internet, em evidente fosso social.

TEMA CRUCIAL - Capas de VEJA: ao longo de sua história, permanente preocupação com o ensino no país (./.)

Os tropeços, contudo, podem servir de amarga experiência para o que virá em seguida, com correções e um olhar inédito, mais cuidadoso — algo que sempre nos faltou, atávica e tristemente. Ao que tudo indica, a partir de agosto ou setembro a vida deve retomar a normalidade possível, com escolas funcionando de modo híbrido, mesclando aulas presenciais com encontros por vídeo. Não será fácil, e desde já há uma indagação: como recuperar o conteúdo perdido? Uma reportagem desta edição de VEJA, coordenada pela editora Sofia Cerqueira, mergulha nas dificuldades atuais e mostra as saídas possíveis do que virá amanhã. Sabe-se que a rotina será feita de medidas de segurança, com máscaras, distanciamento, revezamento de presença etc. Mas haverá uma outra mudança, inevitável: o uso de recursos tecnológicos, estes com os quais ainda não aprendemos a lidar — e que precisam urgentemente ser aplicados com inteligência na instrução de crianças e jovens brasileiros. É caminho sem volta, que países como a Finlândia e a Coreia do Sul já trilham há algum tempo, muito antes do surto. Trata-se, enfim, de aproveitar o momento para iniciar o salto educacional tão esperado, eternamente adiado, como se a máxima de Pitágoras pudesse ser apagada. Não pode. Não há futuro para um país sem educação de qualidade.

Publicado em VEJA de 1 de julho de 2020, edição nº 2693

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