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Carta ao Leitor: Bolsonaro, para quê?

O candidato, com sua história de estatismo, é pouco indicado para pôr em prática um programa de privatização radical e concessões de norte a sul

Por Da Redação
Atualizado em 17 ago 2018, 07h00 - Publicado em 17 ago 2018, 07h00

O economista Paulo Guedes, 68 anos, em entrevista nesta edição, descreve com detalhe e convicção o que um eventual governo do deputado Jair Bolsonaro pretende realizar nos campos da economia e da política. Na economia, diz Guedes, Bolsonaro tem planos de fazer um governo radicalmente liberal, com a mais agressiva agenda de privatizações e concessões de que se tem notícia. Simplificando, o plano é “privatizar tudo” — tudo mesmo — e entregar à iniciativa privada concessões de toda a infraestrutura nacional — toda mesmo.

Na política, os planos não são menos ambiciosos. Guedes afirma que um hipotético governo Bolsonaro acabaria de vez com o fisiologismo e só faria “alianças temáticas”, todas elas fundadas em “valores e princípios”. A proposta é que o Orçamento da União — todo ele — seja inteiramente definido pelos deputados e senadores, evitando assim que o ato de governar continue sendo um exercício permanente de barganha e negociações quase sempre espúrias. Com ­isso, o Brasil passaria por uma radicalização da democracia, que seria expurgada de suas impurezas e desvios crassos.

As ideias de Guedes — cujo nome já foi publicamente indicado para ministro da Fazenda, caso Bolsonaro seja eleito — não são exatamente novas. Sua agenda econômica é compartilhada por boa parte da elite econômica e do mercado, essa entidade tão etérea quanto real. Sua agenda política, ao prever a hegemonia da ética nas alianças políticas e um aprofundamento da democracia, talvez seja compartilhada pela quase totalidade dos cidadãos brasileiros, que clamam, e lá se vão anos assim, pelo fim da bandalheira a que Brasília habituou o país.

Chama atenção, no entanto, o alarmante descompasso entre os planos anunciados por Guedes e o perfil do presidenciável destinado a executá-los.

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Jair Bolsonaro, com sua história de estatismo, é pouco indicado para pôr em prática um programa de privatização radical e concessões de norte a sul. Com três décadas de atividade parlamentar, durante as quais passou por oito partidos, Bolsonaro não é exatamente um bom nome para promover um choque de “alianças temáticas”, cortando pela raiz a praga do fisiologismo. Com seus afagos recorrentes à ditadura militar, que patrocinou cassações, prisões, exílios e censura, Bolsonaro é a mais perfeita antítese do candidato capaz de aprofundar a democracia no Brasil.

Se a agenda está certa, o candidato está errado.

Publicado em VEJA de 22 de agosto de 2018, edição nº 2596

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