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Bonecas russas

Às vésperas da Copa do Mundo, um bordel em Moscou lançou uma nova atração: robôs sexuais dotados de inteligência artificial que atuam como meretrizes

Por Jennifer Ann Thomas e Sabrina Brito
Atualizado em 25 Maio 2018, 06h00 - Publicado em 25 Maio 2018, 06h00

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Em um encontro romântico, diz-se que houve química quando há aquela faísca indescritível, única, ao toque de uma pele em outra. A evolução tecnológica, porém, agora permite que essa química não se dê mais necessariamente pelo contato carnal. Em vez de pele com pele, pode-se substituir uma delas por plástico. Na vanguarda desse novo movimento está um bordel inaugurado em Moscou, desde já chamariz para quem busca algum tipo, qualquer tipo, insista-se, de turismo sexual durante a Copa do Mundo, que começa em 14 de junho.

O The Dolls Hotel (O Hotel das Bonecas) oferece, pelo equivalente a 300 reais, intimidade com uma ginoide (o feminino de androide). É um cabaré de robôs. A unidade moscovita é a segunda abastecida com os modelos da fabricante espanhola LumiDolls, que abriu o primeiro serviço do tipo em Barcelona, em 2017. Há outros exemplos pelo mundo, com bonecas de origens diversas, como o prostíbulo parisiense Xdolls. O proprietário da casa de prazeres na Rússia, Dmitry Alexandrov, exibe uma estatística para defender seu negócio: segundo ele, 36% de seus conterrâneos afirmam estar insatisfeitos sexualmente. “Criar um centro de lazer adulto é uma forma legal e segura de melhorar essa condição”, diz ele.

As ginoides — o lupanar russo não oferece versões masculinas — têm corpo de silicone (para suportar banhos quentes) ou de borracha termoplástica (que dá maior sensação de maciez). Algumas características do robô, como a cor dos olhos e o tamanho da boca, são customizáveis pela clientela. Os modelos avançados têm sensores sensíveis ao toque. Guiadas por soft­wares de inteligência artificial, as bonecas podem sentir o contato e reagir com falas, movimentos e sons. Algumas até conversam com o companheiro — antes ou depois do ato — sobre assuntos banais. Depois de desempenharem seus trabalhos, os robôs são higienizados, garantem os donos dos estabelecimentos. Usualmente, as genitálias são destacáveis e podem ser esterilizadas numa máquina comum de lavar louça.

O fetiche soa esquisito — e é esquisito. Só que essa estranheza não deve perdurar. O mercado de máquinas sexuais é incipiente, mas apenas uma das fábricas de maior sucesso já produz trinta exemplares por mês, tanto masculinos quanto femininos, a maioria deles para uso doméstico, e não em prostíbulos. Os modelos básicos custam 4 000 reais, mas os incrementados, como os de Moscou, ultrapassam os 20 000 reais. Estima-se que a indústria desses brinquedos sexuais possa movimentar anualmente acima de 25 bilhões de dólares nos anos 2020.

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“Esses robôs serão bem comuns”, disse a sexóloga americana Holly Richmond, em entrevista a VEJA. “Mas não é preciso alarmar­-se, pois os sexbots se tornarão uma ferramenta como qualquer outra, e jamais substituirão a intimidade com humanos. As pessoas continuarão a ter filhos.” Há, todavia, os que exageram na dose. No ano passado, o chinês Zheng Jiajia se declarou casado com uma máquina desse tipo — o matrimônio não foi oficializado pelo governo. Do outro lado, a ONG Campaign Against Sex Robots (Campanha contra Robôs Sexuais) batalha pelo banimento da prática. A ruidosa discussão não é uma brincadeira. É coisa séria se lembrarmos da existência de uma ginoide, Sophia, que recebeu, em 2017, o status (e os direitos) de cidadã na Arábia Saudita. Se Sophia fosse levada à força para um bordel na Rússia, seu algoz poderia ser punido?

Publicado em VEJA de 30 de maio de 2018, edição nº 2584

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