Assim não dá
Policiais civis fazem investida na casa de filho de Lula em busca de drogas e armas, sem a devida autorização da Justiça — e não encontram nada
Começou com uma denúncia anônima e terminou num vexame público, que só reforça o discurso do ex-presidente Lula de que tem sido vítima de perseguição. Na manhã da terça-feira 10, o delegado da Polícia Civil de Paulínia (SP), Rodrigo Luís Galazzo, acompanhado de três investigadores armados, tocou a campainha da casa em que mora o filho adotivo do ex-presidente Lula, o psicólogo e ex-vereador Marcos Cláudio Lula da Silva. Procurava “drogas e armamento pesado”, informação que lhe chegara por meio do Disque-Denúncia e cuja veracidade o policial não se deu ao trabalho de checar de outra forma. Mesmo sem nada encontrar, o delegado e sua equipe acharam por bem não sair do local de mãos abanando. Levaram então dois computadores, CDs, DVDs e pen drives que encontraram na casa — e ainda foram para um segundo endereço, onde também não acharam nada. No dia seguinte, a juíza que autorizou a busca e apreensão, Marta Pistelli, determinou que todos os objetos fossem devolvidos e se disse “enganada” pelos policiais. Afirmou que o pedido de busca não identificava o morador da residência e que autorizara que a polícia visitasse apenas um local, e não dois. Diante da manifestação da juíza, Galazzo foi afastado do cargo pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa. Responderá a um procedimento administrativo que dirá se ele agiu com motivação política ou foi simplesmente incompetente. Se a primeira hipótese se provar verdadeira, Galazzo terá dado um tiro no pé, já que ninguém achou mais graça na operação abusiva do que a defesa do ex-presidente Lula.
Publicado em VEJA de 18 de outubro de 2017, edição nº 2552