Antonio Carlos de Almeida Braga, Maguito Vilela e Raymundo Magliano Filho
Memória: o grande mecenas do esporte, o prefeito de Goiânia e um dos maiores incentivadores de investimentos no Brasil
O vôlei brasileiro talvez não fosse hoje tão competitivo se Antonio Carlos de Almeida Braga não tivesse apoiado tanto o esporte na década de 80. Depois de ver o Brasil ficar em quinto lugar na Olimpíada de Moscou, ele decidiu financiar equipes profissionais, e os frutos desse trabalho, incluindo a conquista da medalha de ouro pela seleção brasileira masculina e pela feminina, seriam colhidos anos depois. Braguinha, como gostava de ser chamado, não era apenas apreciador de vôlei. Ele acompanhava os principais esportes, incluindo futebol, automobilismo e tênis. Patrocinou o tenista campeão Guga Kuerten e impulsionou a carreira de ídolos como Pelé, Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna. Ajudava também atletas menos conhecidos, pagando estada, alimentação e transporte em competições nacionais e internacionais. Nascido em São Paulo em 1926, Braguinha foi um empresário e empreendedor bem-sucedido. Nos anos 1970, transformou a Companhia Atlântica de Seguros, fundada por seu pai, em uma poderosa holding de várias seguradoras, que daria origem à Bradesco Seguros, empresa do banco do qual foi conselheiro e acionista até 1986, quando decidiu vender sua participação. Com os recursos advindos das ações, fundou com os filhos o banco Icatu, que investe em uma variedade de negócios. Faleceu em 12 de janeiro, em Portugal, deixando quatro filhos do primeiro casamento e dois do segundo.
Aula de política
O apelido Maguito, dos tempos em que jogava futebol de várzea, acompanhou Luís Alberto Vilela em toda a sua vida política. Ele foi vereador de Jataí, onde nasceu, deputado estadual e federal por Goiás e também governador e senador do mesmo estado. Fora da vida política, atuou como professor da rede pública de 1972 a 1977. Nas últimas eleições municipais, Maguito venceu o pleito para prefeito da capital, Goiânia, pelo MDB, antigo PMDB, partido do qual fez parte por quatro décadas. Infectado pela Covid-19, tomou posse remotamente, pois estava internado em São Paulo. Depois de semanas hospitalizado, acabou acometido por uma infecção pulmonar. Morreu no dia 13, aos 71 anos.
A vitória do sonhador
Vinte anos atrás, a bolsa era terra desconhecida para os brasileiros, que não a viam como uma opção segura de investimento. Quem se dedicou a mudar essa percepção foi Raymundo Magliano Filho, ex-presidente da Bovespa e o maior incentivador de aplicações em ações no país. Nascido em São Paulo em 1942, ele seguiu os passos do pai, que fundou a primeira corretora listada. Sob sua gestão, entre 2001 e 2008, o mercado de capitais fortaleceu-se e se modernizou. Magliano queria um Brasil de investidores, sonho que ajudou a realizar. Hoje o país tem 3 milhões de investidores na bolsa. Morreu no dia 11, em São Paulo, em decorrência da Covid-19.
Publicado em VEJA de 20 de janeiro de 2021, edição nº 2721