Expoente da alta sociedade carioca desde a década de 60, Gisella Amaral detestava ser chamada de socialite. Formada enfermeira, profissão que pouco exerceu, trabalhava em prol de instituições de caridade e se autodefinia como “empresária social”. Ela agitava até mesmo o circuito da assistência. Em uma das instituições à qual se dedicou, promovia todo mês uma festa de aniversário repleta de famosos, atraindo gente difícil de tirar de casa, como o cantor Roberto Carlos. Durante a Jornada Mundial da Juventude que levou o papa Francisco ao Rio de Janeiro, em 2013, Gisella acionou seus contatos para alojar e transportar os cardeais a bordo de dezoito helicópteros. Extremamente católica, não tirava do dedo o anel com a imagem da medalha milagrosa, mas rejeitava o título de carola. Dizia não ser preciso ajoelhar-se na igreja ou falar de Jesus para demonstrar fé.
A religião foi fundamental para que enfrentasse vários percalços ao longo da vida. Aos 41 anos, sofreu uma queda de cavalo, ficou em coma e teve de reaprender tudo, inclusive a andar. Só lembrava o nome dos dois filhos e do marido, o empresário da noite Ricardo Amaral, com quem foi casada por 53 anos. Desde 2003, ela lutava contra um câncer de mama a seu modo. Em 2017, com os tumores já em processo de metástase, afirmou com a elegância habitual: “Não perdi uma festa sequer neste ano. A alegria é o melhor remédio que se tem”. Aos 78 anos, depois de sucessivas internações, acabou vencida pela doença no dia 15 de janeiro, no Rio, sua cidade natal, onde sempre morou.
Morto a facadas
Foi tudo muito rápido e inesperado. Pawel Adamowicz, prefeito de Gdansk, a sexta cidade mais populosa da Polônia, participava de um evento de caridade no domingo 13 quando foi esfaqueado por Stefan Wilmont, de 27 anos. Defensor dos imigrantes e das causas do movimento LGBT, o político era um conhecido crítico do governo de direita do presidente Andrzej Duda. Depois do atentado, o assassino, detido na hora, afirmou que o crime fora um ato de vingança — considerava injusto que houvesse passado cinco anos preso sob a acusação de roubos diversos. Adamowicz morreu na segunda 14, aos 53 anos, no Hospital Universitário de Gdansk, após várias cirurgias.
Alô, Dolly
A atriz americana Carol Channing será sempre lembrada pelo papel da personagem casamenteira Dolly Gallagher, interpretado em Alô, Dolly, clássico da Broadway, no qual cantava a famosa música-título. O trabalho lhe rendeu em 1964 o primeiro de seus três prêmios Tony. Em 1968, ela ganhou o Globo de Ouro de atriz coadjuvante por Positivamente Millie. Morreu na terça 15, aos 97 anos, de causas naturais, em sua casa, na Califórnia.
Publicado em VEJA de 23 de janeiro de 2019, edição nº 2618