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Em Berlim, Jean Wyllys quer estudar e diz que saída foi ‘recado ao mundo’

Em primeiras declarações após deixar o Brasil, ex-deputado classificou Bolsonaro como 'moleque' por reação ao anúncio de sua saída do país

Por Da Redação Atualizado em 19 fev 2019, 05h46 - Publicado em 19 fev 2019, 00h55

O ex-deputado do PSOL, Jean Wyllys, concedeu entrevista coletiva em Berlim nesta segunda-feira 18, em uma de suas primeiras aparições públicas após informar, há pouco menos de um mês, que abriria mão de seu mandato e iria embora do Brasil, temendo ameaças de morte. Ele oficializou a Alemanha como seu novo paradeiro e contou que vive com a ajuda de amigos, com o objetivo de se inscrever em algum programa de doutorado com foco no “fenômeno das fake news e como os discursos de ódio afetam processos eleitorais”.

Sobre sua repentina saída do país, ele declarou que seu objetivo, além de proteger a vida de ameaças, foi “alertar o mundo democrático e fazer com que os olhos deste mundo se voltem ao Brasil, como uma maneira de colocar o país sob vigilância e proteger as pessoas que estão ameaçadas”.

“Nesse sentido, minha saída é muito mais útil e poderosa do que a minha permanência. O recado político já foi dado. Minha decisão foi um ato de preservação da minha vida e proteção da minha família, mas também um recado ao mundo e uma maneira de deixar de naturalizar o que estava sendo naturalizado no Brasil”, acrescentou.

Ex-deputado classifica Bolsonaro como ‘moleque’

Wyllys comentou, também, o tuíte de Jair Bolsonaro no dia em que deixou o país, dizendo que aquele era “um grande dia”. Embora o presidente tenha negado se referir ao caso, o ex-deputado interpretou como um gesto de comemoração.

“Ele e seu filho, o ‘zero dois’ [o senador Flávio Bolsonaro], comemoraram nas redes sociais. Esse é o nível do presidente do Brasil”, disse. “Não basta ser um energúmeno, um incompetente, uma pessoa que esteve 30 anos no Parlamento e não produziu nada. Não basta ser um imbecil e incompetente que nada sabe sobre economia, políticas de saúde, educação, moradia e infraestrutura. Tem que ser esse debochado, esse moleque que trata a democracia dessa maneira. Ele só confirmou a minha decisão, só me deu razão de que, de fato, o Brasil não era mais o lugar para mim”, atacou o ex-deputado.

Ele ainda comparou Bolsonaro a seu vice, Hamilton Mourão: “chegamos a um ponto no Brasil em que consideramos o general Hamilton Mourão, com um histórico de extrema direita, como moderado. A que ponto chegamos? Ele é um militar de extrema direita, mas ainda consegue ser minimamente moderado, lúcido, diante do sujeito que é hoje presidente da república e que comemorou a saída de um deputado por conta de ameaças de morte”, declarou.

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“Um presidente deve cuidar da população de seu país. Depois de eleito, ele é responsável pela população. Mas esse sujeito ainda não age como presidente da República. Ele continua agindo como se ainda estivesse em campanha. Tratando as 40 milhões de pessoas que não lhe deram votos, que votaram nos outros candidatos, como inimigos”, complementou Wyllys.

Vida na Alemanha

Na última sexta, Jean Wyllys foi visto em uma sessão do filme brasileiro Marighella, dirigido por Wagner Moura, apresentado no Festival de Cinema de Berlim, em uma das primeiras aparições na capital alemã.

“Minha vida ainda está se assentando. Estou em Berlim, não tenho moradia, conto com ajuda de amigos. Ainda não tenho um novo trabalho. Provavelmente vou me inscrever em um programa de doutorado. Existem conversas com instituições que podem me receber como pesquisador, como professor visitante. Existem conversas com diferentes instituições mas ainda não há nada acertado”, comentou Jean.

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Wyllys afirmou, ainda, ter recebido uma proposta de asilo político do governo francês, mas que não pretende aceitá-la. “Há outras pessoas que precisam de asilo político. Para mim, permanecer aqui com um visto de estudante ou pesquisador é muito melhor do que um asilo político”, declarou o ex-deputado.

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