Vélez: ‘Fui infeliz’ ao afirmar que ‘o brasileiro viajando é um canibal’
O ministro da Educação deu a declaração em entrevista a VEJA e foi notificado pelo STF para explicar a fala
O ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, disse ter sido infeliz ao afirmar, em entrevista a VEJA no começo deste mês que o brasileiro viajando age como canibal. Um documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer as declarações feitas pelo ministro. Ele ainda afirmou que a expressão era uma “figura de linguagem hiperbólica”.
“Fui infeliz na declaração aberta, genérica, mas tal não pode ser lida como a prática dos crimes de calúnia, difamação e injúria, na medida em que, repita-se, não teve o propósito de ofender as honras objetiva e subjetiva de brasileiros determinados. Utilizei-me de uma figura de linguagem hiperbólica, nada mais do que isso, para potencializar a mensagem”, afirmou Vélez.
O ministro disse que “o brasileiro viajando é um canibal” quando questionado por VEJA sobre o motivo de defender a volta da disciplina educação moral e cívica a currículo escolar. “Os alunos devem sair do ensino básico e do fundamental sabendo que há uma lei interior em todos nós. Se nós a transgredimos, mesmo enganando até a própria mãe, sentimos uma coisa chamada remorso”, respondeu.
Vélez complementou a resposta dizendo que hoje em dia, o adolescente viaja: “É necessário lembrar que existem contextos sociais diferentes e que as leis dos outros devem ser respeitadas. O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertida na escola”.
As declarações a VEJA levaram o advogado Marcos Aldenir Ferreira Rivas a interpelar criminalmente o ministro, que é colombiano. Na peça submetida ao STF, Rivas pede que Vélez “preste os esclarecimentos indicados nesta exordial, especificamente nomeando quem é o brasileiro canibal, que rouba hotéis, salva-vidas de aviões e sai de casa carregando tudo, para elucidar a equivocidade, ambiguidade ou dubiedade de suas declarações na reportagem citada”.
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber determinou que Vélez fosse notificado a esclarecer em dez dias, caso queira, as declarações dadas por ele, publicada no início do mês. A decisão da magistrada foi assinada por ela na última segunda-feira, 11, e o mandado de notificação foi encaminhado na quarta-feira, 13.
No esclarecimento, o ministro afirmou que já tinha lançado o pedido de desculpas pelas redes sociais a quem se sentiu ofendido. “Pelas redes sociais, já lancei, inclusive, meu pedido de desculpas a quem se sentiu ofendido, o que, de forma alguma, implica o reconhecimento da prática de um crime contra a honra ou de qualquer antijuridicidade. É uma reprovação que não pode repercutir no campo do direito”.