Vaccarezza: ‘Milhares de pessoas’ já me ofereceram dinheiro
Alvo da Lava Jato, o ex-deputado nega, no entanto, que tenha recebido propina ao longo da sua vida pública, mas admite que empresários influenciam leis

O ex-deputado Cândido Vaccarezza (ex-PT-SP) declarou em depoimento à Polícia Federal que “milhares de pessoas” já lhe ofereceram dinheiro, mas que ele nunca recebeu propinas em toda a sua vida pública. Vaccarezza, que foi líder dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, foi alvo da Operação Abate, 44ª fase da Lava Jato, no último dia 18.
Responsável pelo inquérito da PF, o delegado Filipe Hille Pace questionou o ex-deputado se “era comum receber de empresários minutas de projetos de lei”. Vaccarezza respondeu que sim, “de milhares de empresários”, mas que nunca recebeu nenhum valor indevido atrelado a isso. O ex-petista disse que “estaria mentindo” se dissesse que nunca lhe ofereceram vantagens indevidas.
Questionado sobre quais pessoas teriam feito tais ofertas, ele disse que “não se lembra” e que foram “milhares de pessoas”. Ele alega “as pessoas não chegam para o parlamentar oferecendo um milhão para que fosse feito determinado projeto de lei”, mas sim dizendo que este “vai ser bom para o Brasil”, pedindo “uma abertura, dando dica”.
Para além dos fatos investigados na Operação Abate, que dizem respeito a contratos da americana Sargeant Marine com a Petrobras, Cândido Vaccarezza também negou ter recebido propinas da empreiteira Odebrecht e reafirmou que “todos os bens que entram em sua casa são fruto apenas de seu trabalho”. O ex-deputado alegou que quando “se assume determinada posição”, passa a ser comum que pessoas “passem a utilizar seu nome sem seu conhecimento”.
Inquérito
A investigação apura a acusação de que o ex-deputado teria recebido 500.000 dólares da Sargeant Marine, para beneficiá-la junto a Petrobras – ele nega. “Um cidadão repassar quinhentos mil dólares e não deixar rastros é muito difícil. Passar dez, vinte mil, passa, mas quinhentos mil dólares é muito difícil. Eu não recebi um centavo da Sargeant Marine e ninguém tem como provar que eu recebi, doutor”, se defendeu.
Entre 2010 e 2013, os americanos celebraram acordos estimados em 180 milhões de dólares com a estatal brasileira. Preso temporariamente no momento da operação, Cândido Vaccarezza foi libertado na terça-feira pelo juiz Sergio Moro, que aceitou as alegações médicas da defesa.
A suspeita da Polícia Federal é de que o ex-deputado usufruiu ilicitamente de seu trânsito na Petrobras, onde seu principal contato seria o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, o primeiro delator de toda a Operação Lava Jato. No depoimento, Vaccarezza admitiu ter relações próximas com o lobista Jorge Luz, preso acusado de operar propinas para o PMDB.
Defesa
A defesa de Cândido Vaccarezza, por meio do advogado Marcellus Ferreira Pinto, esclarece, em nota, que: “Cândido Vaccarezza nunca intermediou qualquer tipo de negociação entre empresas privadas e a Petrobras. A prisão foi decretada com base em delações contraditórias, algumas já retificadas pelos próprios delatores. A busca e apreensão excedeu os limites da decisão judicial, confiscando valores declarados no imposto de renda e objetos pertencentes a terceiros sem vínculo com a investigação. A defesa se manifestará nos autos e espera que a prisão seja revogada e as demais ilegalidades corrigidas!”
Cândido Vaccarezza: mais um líder do PT preso
(Com Estadão Conteúdo)
Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se já é assinante, entre aqui. Assine para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.
Essa é uma matéria fechada para assinantes e não identificamos permissão de acesso na sua conta. Para tentar entrar com outro usuário, clique aqui ou adquira uma assinatura na oferta abaixo
Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique. Assine VEJA.
Impressa + Digital
Plano completo de VEJA. Acesso ilimitado aos conteúdos exclusivos em todos formatos: revista impressa, site com notícias 24h e revista digital no app (celular/tablet).
Colunistas que refletem o jornalismo sério e de qualidade do time VEJA.
Receba semanalmente VEJA impressa mais Acesso imediato às edições digitais no App.
MELHOR
OFERTA
Digital
Plano ilimitado para você que gosta de acompanhar diariamente os conteúdos exclusivos de VEJA no site, com notícias 24h e ter acesso a edição digital no app, para celular e tablet. Edições de Veja liberadas no App de maneira imediata.
30% de desconto
1 ano por R$ 82,80
(cada mês sai por R$ 6,90)