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Uma ideia fixa do presidente

Insistência de Bolsonaro em "rememorar" o golpe de 64 conduz o país a um debate extemporâneo e desnecessário

Por Roberta Paduan, Edoardo Ghirotto e Eduardo Gonçalves
Atualizado em 5 abr 2019, 07h00 - Publicado em 5 abr 2019, 07h00

No auge dos atritos com o Planalto, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, definiu o governo como um “deserto de ideias”. Não é verdade: Jair Bolsonaro tem várias ideias fixas. A reabilitação da ditadura de 1964 é uma delas, e ele conduziu o país a um debate extemporâneo e desnecessário só pelo capricho de ver os 55 anos do golpe (que ele naturalmente não chama assim) celebrados nos quartéis em 31 de março.

A primeira ordem transmitida pelo Palácio do Planalto conclamava as Forças Armadas a comemorar o golpe militar que depôs o presidente João Goulart e deu início ao regime que impediu a população brasileira de eleger o próprio representante por mais de vinte anos. Depois, diante da reação negativa na sociedade, Bolsonaro trocou o termo “comemorar” por “rememorar”. Demasiada sutileza semântica para uma grosseria histórica.

Até a sexta-feira 29, dois dias antes da data exata do golpe, uma ordem do dia redigida pelo ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, e pelos outros três comandantes das Forças foi lida aos militares em todo o país. O documento dizia que o movimento de 1964 interrompeu “a escalada em direção ao totalitarismo” e respondeu ao “clamor da ampla maioria da população e da imprensa brasileira”.

No domingo 31, manifestações — minguadas — favoráveis e contrárias à ditadura militar foram registradas no país. Em São Paulo, houve confronto entre manifestantes dos dois lados. Foi um conflito pequeno e sem maiores consequências, inflamado, no entanto, por um presidente que não respeita a ordem democrática instaurada no Brasil pela Constituição de 1988. “Bolsonaro não é um institucionalista. É um sujeito que cresce na fragilização das instituições democráticas como nós as conhecemos”, diz o professor da FGV Daniel Barcelos Vargas, que exerceu interinamente a secretaria de Assuntos Estratégicos do Planalto em 2009. Mais um episódio em que o governo faz muito barulho por nada — ou pela pior das causas.

Publicado em VEJA de 10 de abril de 2019, edição nº 2629

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