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TSE escolhe Djamila Ribeiro para estrelar campanha em defesa da urna

“Urna eletrônica: é segura, é fácil de checar, é do Brasil”, diz o slogan da campanha do TSE, que começa a ser veiculada em agosto

Por Rafael Moraes Moura Atualizado em 22 jun 2021, 18h59 - Publicado em 18 jun 2021, 12h59
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  • Confrontado com os sucessivos ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu reforçar o discurso de defesa do sistema eletrônico de votação, adotado no País desde 1996. No mês passado, o próprio presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, entrou em campo e protagonizou uma série de vídeos divulgados nas redes sociais, explicando didaticamente a segurança dos equipamentos. Agora, a Corte Eleitoral prepara mais uma reação para fazer frente à “guerra de desinformação” deflagrada pelo Palácio do Planalto, com o objetivo de impedir que a narrativa conspiracionista de Bolsonaro coloque em xeque a credibilidade dos aparelhos. A filósofa, pesquisadora e escritora Djamila Ribeiro – ícone do feminismo negro – vai ser embaixadora de uma campanha a ser exibida em emissoras de rádio e TV, informou o tribunal.

    “Urna eletrônica: é segura, é fácil de checar, é do Brasil”, diz o slogan da campanha do TSE, que deve começar a ser veiculada em agosto. Nos vídeos, que ainda vão ser gravados, Djamila vai afirmar que as urnas não podem ser acessadas remotamente – por não estarem conectadas à internet – e que a recontagem de votos já é possível com a emissão do Boletim de Urna. O documento é uma espécie de “recibo” emitido pela própria urna ao final da votação, que reúne informações totalizadas sobre o número de votos por candidato e por partido, além dos nulos e brancos, naquela seção específica.

    Autora de best sellers como Pequeno manual antirracista (vencedor do prêmio Jabuti na categoria ciências humanas e livro mais vendido em 2020 pela Amazon no Brasil), Djamila Ribeiro não cobrou cachê para estrelar a campanha do TSE. Segundo o tribunal, a veiculação da publicidade não trará custo aos cofres públicos, já que as emissoras e rádios deverão ceder os espaços “gratuitamente por serem campanhas de interesse público”. O custo será limitado à contratação de uma empresa para produzir o material — ainda falta concluir a licitação para definir a vencedora.

    “Depois de popularizar reflexões sobre o racismo, o feminismo e a desigualdade social, a filósofa mais conhecida do país empresta sua credibilidade à Justiça Eleitoral para evidenciar a segurança e a transparência do voto eletrônico”, afirmou o TSE a VEJA. Na avaliação do tribunal, Djamila “representa de maneira emblemática a população negra, que compõe 54% da nação brasileira”.

    Djamila, aliás, representa a maioria do eleitorado brasileiro — segundo os últimos dados estatísticos do TSE, as mulheres formam cerca de 52,8% do universo de eleitores que devem ir às urnas em 2022. A escritora também já externou em reiteradas vezes suas críticas ao governo Bolsonaro. “Esse presidente naturalizou a violência misógina, ao dizer coisas ‘não te estupro porque você não merece’. Isso não é só o que ele diz na sua fala, isso é o que representa esse projeto político, de desmonte de políticas públicas, de ataque à educação, de corte de orçamento”, afirmou a escritora em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura.

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    A ofensiva do TSE também serve como estratégia do tribunal para tentar convencer o Congresso a não levar adiante a proposta de ressuscitar o voto impresso, já adotado em caráter experimental nas eleições de 2002, com resultados amplamente negativos. Segundo relatório do próprio TSE, a medida “nada agregou em termos de segurança ou transparência”, criando problemas: o tamanho das filas e o percentual de urnas com defeitos foram maiores nas seções com voto impresso.

    Bolsonaro é um ferrenho opositor das urnas eletrônicas e defensor do voto impresso, medida de custo bilionário que enfrenta forte resistência dentro do TSE e do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente da República costuma dizer que houve fraude nas eleições de 2018, mas até hoje não apresentou uma prova sequer que confirme as acusações levantadas. A partir de agora, no entanto, o chefe do Executivo vai deixar de falar sozinho — e será confrontado com “pequeno manual” da urna eletrônica apresentado por Djamila em rede nacional.

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