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Thiego Amorim: A ministra veste azul

Negro e homossexual, o vendedor diz ter agido em nome das minorias ao confrontar Damares Alves, defensora do combate ao que chama de “ideologia de gênero”

Por Nonato Viegas
Atualizado em 11 jan 2019, 07h00 - Publicado em 11 jan 2019, 07h00

Por que decidiu cobrar explicações da ministra Damares Alves quando ela entrou na loja em que o senhor trabalha? Sei o que é ser desrespeitado por ser negro, nordestino, trabalhador e gay. Quando pedi que ela me explicasse a história do “menino veste azul, menina veste rosa”, queria ouvir seus argumentos, que não foram apresentados. Sou filho de uma professora que sempre tratou em suas turmas e em casa da necessidade do respeito ao outro. Isso não tem nada a ver com ideologia de gênero.

O senhor se espantou com a reação da ministra? A contradição é que ela vestia azul. Depois que perguntei, a ministra caminhou na minha direção, pôs a mão direita em mim, na altura do pescoço, e me disse pausadamente: “Eu vou acabar com a ideologia de gênero nas escolas”. Falava como quem trata um subordinado, de cima para baixo, como uma ameaça. Eu insisti que ela mesma vestia uma blusa azul. Foi quando a ministra, incomodada, decidiu ir embora da loja, dizendo-se constrangida.

Valeu a pena ter pedido explicações? A resposta da ministra à minha manifestação e os ataques que sofri depois de postar o vídeo numa rede social — ataques homofóbicos, racistas e intercalados com ameaças — reforçam a necessidade de os cidadãos de bem se levantarem pelos direitos fundamentais. Não, a maioria não pode oprimir a minoria.

A ministra diz que foi constrangida. Não fui eu quem pegou nela nem sou eu a autoridade. Eu pedi à minha empregadora imagens do circuito interno da loja, mas fui ignorado. Fui à Procuradoria-Geral da República para que os procuradores requeiram judicialmente as imagens. Eu me senti agredido e ameaçado pela ministra.

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O senhor teme ser demitido? Se for demitido, vou sair com a cabeça erguida. Não errei no atendimento dela nem como cidadão. Uma pessoa pública não pode se sentir constrangida porque alguém pede explicação de seus atos. Não tenho militância política nem em movimento social. Até aquele dia, não compreendia muito bem a luta das minorias organizadas. Recebi manifestações lindas de apoio, como mensagens da cantora Maria Rita e da apresentadora Fernanda Lima. Eu também sou digno de respeito.

Você teria um novo encontro com a ministra? Sim, claro. Não tenho problema com as pessoas. Tenho uma foto tirada há um mês, mais ou menos, com o (deputado eleito) Alexandre Frota, de quem sou fã como artista.

Publicado em VEJA de 16 de janeiro de 2019, edição nº 2617

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