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Temer se diz “muito bem” ao deixar hospital (com barata no chão)

Presidente foi internado para desobstruir canal da uretra. No hospital militar que o recebeu, padrão SUS, pacientes encontram barata no corredor

Por Rodrigo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO , Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 out 2017, 11h52 - Publicado em 25 out 2017, 23h31

“Estou inteiro”, “muito bem”. Assim, acompanhado da primeira-dama Marcela Temer e já entrando no carro, o presidente Michel Temer definiu seu estado de saúde depois de passar mais de sete horas em um hospital militar de Brasília.

O presidente foi internado no início da tarde desta quarta-feira, após sentir dores. De acordo com o Palácio do Planalto, ele foi submetido a um procedimento para a desobstrução do canal da uretra.

Temer mexeu com a rotina do hospital, no Setor Militar Urbano, a oito quilômetros do Palácio Planalto. Logo após a chegada do presidente, a unidade foi cercada por homens da Polícia do Exército – alguns, armados com lançadores de bombas de efeito moral.

VEJA entrou no hospital. A aglomeração de jornalistas do lado de fora e a segurança reforçada chamavam atenção dos pacientes. Alguns não faziam ideia do que estava acontecendo ali. “O que está havendo?”, perguntou, assombrado, um homem que foi levar o filho ao médico.

A entrada da ala onde Temer esteve internado: segurança reforçada
A entrada da ala onde Temer esteve internado: segurança reforçada (Rodrigo Rangel/VEJA)

Ao saber da presença ilustre, o homem rapidamente emendou: “Eu não sou contra ele, mas também não sou a favor. Mas que Deus o proteja. Nessas horas, quando é problema de saúde, a gente torce para resolver”.

Até os militares escalados para evitar a aproximação de curiosos aderiam ao alvoroço. Ao se aproximar de um colega que integrava um cordão de segurança na entrada do centro cirúrgico, onde estava o presidente, um soldado foi imediatamente repreendido por seu superior, incomodado por vê-lo flanando e fazendo perguntas.

“Vai, vai, vai”, ordenou o militar, com peculiar educação. Ao soldado, já cabisbaixo, restou obedecer. Um outro, sentado próximo a ele, acabou vítima colateral do mesmo pito. Estava esparramado em uma cadeira. “Senta direito, você não está em casa”, gritou o superior. Resignado, o jovem soldado, mais do que depressa, se ajeitou.

O estresse dos oficiais tinha razão de ser. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, foi pessoalmente ao hospital averiguar o funcionamento do esquema montado para receber o presidente. Era preciso mostrar serviço. Como fez, prontamente, uma funcionária da limpeza que correu para capturar com um rodo uma barata (sim, uma barata) que cruzou o corredor – o acanhado Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB), que diariamente atende militares e seus familiares, lembra uma unidade do SUS.

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Em meio à tensão latente provocada pela presença do paciente famoso havia espaço para piada. Entre os que podiam fazer piada, evidentemente. Ao pé do ouvido, um senhor comentou com um oficial, em tom de chiste, que poderiam aproveitar a oportunidade para mandar o presidente “para o espaço”. “Olha ali quem pode fazer isso. Ele é PQD”, respondeu o oficial, rindo, apontando para um colega mais adiante. PQD, no dicionário militar, define os paraquedistas, uma parcela da elite operacional do Exército.

O vai-e-vem dos seguranças da Presidência e dos militares era uma atração especial para as crianças que estavam por ali aguardando atendimento. Entre os tantos pacientes, eis que surge um velho conhecido: o general Gonçalves Dias, que durante anos chefiou a segurança pessoal do ex-presidente Lula. Ao vê-lo, um conhecido brincou, a propósito do burburinho provocado pela segurança presidencial: “Tá com saudade?”. O general, cuja ida ao hospital nada tinha a ver com a presença de Temer, nem respondeu.

Às 20h11, o presidente deixou o HMAB. À pergunta de VEJA (assista ao vídeo), ele deu a resposta que, desde cedo, o Planalto repisava todas as vezes em que era indagado sobre o real estado de saúde do homem que, justamente àquela altura, estava com seu futuro em jogo no plenário da Câmara dos Deputados: “Estou inteiro”. Minutos após, ele conseguiria o número de votos necessários para mandar ao arquivo a denúncia da Procuradoria-Geral da República que o acusara de obstruir a Justiça e de integrar uma organização criminosa.

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