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Tem onça no samba da Tom Maior

Carnavalesco planeja levar jaguatirica e onça parda para o sambódromo paulistano. Ibama adverte que punirá escola por crime ambiental

Por Carolina Freitas
18 fev 2011, 21h20

“Eu não entendo os ambientalistas. Quero apenas levantar um grande alerta sobre os ecossistemas”

Chico Spinoza, da Tom Maior

O carnavalesco Chico Spinoza jura, por amor aos animais, nunca ter matado sequer uma formiga. Enfrenta agora um dilema: não sabe se leva para o desfile da Tom Maior no sambódromo de São Paulo uma jaguatirica, uma onça parda ou uma ave exótica. Mas já sabe como apresentar os animais na avenida: “ora, usarei gaiolas.” Spinoza acha a proposta “ecológica”. O Ibama pensa diferente e avisa: se os bichos entrarem na avenida, punirá a escola por maus tratos e exposição ilegal de animal silvestre, crimes federais previstos em lei. “Eu não entendo os ambientalistas”, reclama Spinoza. “Quero apenas levantar um grande alerta sobre os ecossistemas, que estão sendo consumidos.” A veterinária Ingrid Eder, da WSPA Brasil, braço da sociedade mundial de proteção aos animais, explica: “O estresse de um bicho colocado no meio de um desfile de samba corresponde ao de uma pessoa com um revólver apontado para sua cabeça. Ele não compreende a situação. Ele se vê acuado, sem saída, em meio a um barulho ensurdecedor e milhares de pessoas.” A situação é ainda mais difícil para os felinos, que têm a audição mais apurada que a humana. O enredo da Tom Maior homenageia São Bernardo do Campo. Na concepção de Spinoza, os animais ajudam a contar o passado da cidade, em meio a florestas e índios. “Tudo foi extinto, consumido”, diz o carnavalesco, em compasso com o samba da escola, que pede: “vamos por a mão na consciência, no futuro preservar é a saída.” Crime ambiental – Segundo Spinoza, os animais serão emprestados de um sítio que costuma alugá-los para propagandas e eventos. “Eles dizem que são legalizados”, diz o carnavalesco, mostrando preocupação com a atuação do Ibama. “Pedi a um amigo que veja para mim a autorização do Ibama. Terça-feira teremos a resposta.” O órgão disse não ter recebido qualquer pedido. O coordenador de Autorização e Gestão do Uso da Fauna do Ibama, Clemerson Pinheiro, compara a ideia da Tom Maior à exibição de animais em circos, proibida no país. Apenas zoológicos têm autorização para expor animais e, para isso, devem cumprir um rol de exigências. De outro modo, expor publicamente animais silvestres caracteriza infração ambiental, segundo Pinheiro. A lei de crimes ambientais, de 1998, prevê prisão de três meses a um ano e multa a quem praticar abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos, nativos ou exóticos. Urubus – Em outubro do ano passado, o artista Nuno Ramos construiu um viveiro gigante no saguão da 29ª Bienal de São Paulo onde expôs a obra Bandeira Branca, da qual faziam parte três urubus vivos. Antes da abertura da mostra, manifestantes colheram 3.000 assinaturas contra a presença das aves e protestaram diante do prédio da Bienal. Em meio à pressão, a Justiça Federal de São Paulo, a pedido do Ibama, determinou a retirada dos urubus do local e a devolução deles ao Parque dos Falcões, em Sergipe. No caso dos animais da Tom Maior, o Ibama informou que nada pode fazer para impedir o desfile dos bichos. O que pode fazer é puni-la, caso consumada a intenção. A WSPA informou que, se houver anuência do órgão federal para a exposição dos animais, irá à Justiça Federal para impedi-la. Diante da confusão anunciada, o presidente da escola, Marko Antonio da Silva, esquiva-se. “O carnavalesco é que decide. Eu só pago as contas. Mas vetar a presença dos animais, isso que não vou.”

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