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Suplente de Wyllys promete ‘luta’ pela causa LGBT – e contra Bolsonaros

'Sou um jovem negro, LGBT da favela. Minha luta é por eles', disse David Miranda a VEJA; deputado desistiu do mandato por temer ameaças

Por Leandro Resende
Atualizado em 24 jan 2019, 18h36 - Publicado em 24 jan 2019, 18h12

Negro, homossexual casado há catorze anos, pai de dois filhos e vereador do Rio de Janeiro eleito em 2016, David Miranda (Psol) herdará a vaga de Jean Wyllys na Câmara dos Deputados. Nesta quinta-feira (24) Wyllys, único parlamentar assumidamente homossexual do Congresso Nacional, anunciou que desistiu do mandato para o qual foi reeleito no ano passado em virtude das ameaças contra sua vida. “Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores”, escreveu o deputado federal.

David Miranda, que recebeu 17.356 votos, afirmou a VEJA que também soube pelas redes sociais da decisão de Jean Wyllys de deixar o Brasil e o cargo de parlamentar. “Nos vimos pela última vez na época das eleições e sabia das ameaças que ele vinha recebendo. Ele não está sendo covarde – trata-se de uma decisão sensata, que é só dele. Ninguém sabe o que ele passou”, declarou o vereador carioca.

Em 2013, Miranda chegou a ser detido por nove horas no aeroporto de Londres, quando levava documentos do ex-agente da inteligência dos Estados Unidos Edward Snowden. Foi ele quem descobriu o esquema de espionagem feito pelo governo dos Estados Unidos revelado em reportagens do jornalista Glenn Greenwald, seu marido. Ele nasceu na favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e era amigo próximo da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada no ano passado. “Sou um jovem negro, LGBT da favela. Minha luta é por eles, pela classe trabalhadora desse país.”

Ninguém esquece das brigas entre Jean Wyllys e Jair Bolsonaro nos corredores do Congresso Nacional, sobretudo a que terminou com uma cusparada do primeiro no segundo durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016. O fato de Bolsonaro ser, agora, presidente da República, não intimida o novato da Câmara. “Vou lutar contra toda essa família com toda força possível”, afirmou ele, que relatou já ter sofrido ameaças, mas prefere não avançar no assunto. “Não quero ficar falando de ameaças que sofri. Quero garantir que a população LGBT ainda tenha gente lutando por ela em Brasília.”

A revelação, nesta semana, de que suspeitos de integrarem o Escritório do Crime – grupo de matadores investigado por envolvimento na morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista Anderson Gomes – foram homenageados pelo senador eleito Flavio Bolsonaro (PSL-RJ) e tiveram parentes empregados em seu gabinete é, para David, “complicada”. “Não vou falar que o Flavio está envolvido. Mas quero que a investigação siga e a gente saiba exatamente quem matou e quem mandou matar a Marielle”, disse.

Na Câmara dos Deputados, David Miranda vai reencontrar um desafeto: o deputado federal eleito Otoni de Paula (PSC-RJ), que teve mais de 120 mil votos e foi o sétimo mais votado do estado. Em 2018, durante discussão sobre o impeachment do prefeito do Rio Marcelo Crivella (PRB), na Câmara de Vereadores, Otoni foi acusado de homofobia por Miranda. “Vai ser como eu sempre fiz. Ele vai ser aquela figura nefasta, que só fica fazendo vídeo pelo celular, e eu vou trabalhar”, prometeu.

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