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SP: Ônibus, metrô e trens têm maior aumento em 5 anos

Bilhete passa a custar 3,50 reais nesta terça-feira, um reajuste de 50 centavos no valor – suficiente para ameaça de nova onda de protestos na capital paulista

Por Da Redação
6 jan 2015, 08h12

Sob risco de retomada dos protestos que marcaram 2013, o valor das tarifas de ônibus, metrô e trem de São Paulo foi reajustado nesta terça-feira, de 3 reais para 3,50 reais. É o maior aumento em cinco anos. Desde o início do bilhete único, em 2004, essa variação, de 16,6%, é a maior no sistema sobre trilhos e a segunda mais alta nos coletivos da capital paulista – em 2010, houve reajuste de 17,4%.

O Movimento Passe Livre (MPL) e outros grupos de manifestantes prometem fazer grandes mobilizações para tentar, como em 2013, reverter o aumento. Naquele ano, a tarifa ficou unificada em 3,20 reais por 22 dias, entre 2 e 24 de junho, e depois voltou ao patamar anterior por decisão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito paulistano Fernando Haddad (PT).

As gestões Alckmin e Haddad destacaram, em notas, que o novo reajuste está abaixo dos 27% da inflação acumulada desde janeiro de 2011. Documentos da São Paulo Transporte (SPTrans), empresa que gerencia o sistema de ônibus paulistano, apontam que a correção simples levaria a tarifa a ficar entre 3,65 reais e 3,81 reais.

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A corrida dos táxis na capital paulista também ficará mais cara a partir desta terça-feira. A bandeirada passa de 4,10 reais para 4,50 reais. “Estrategicamente, os governantes anteciparam o reajuste para pegar o pessoal de férias e reduzir manifestações”, disse o consultor de Transportes Flamínio Fichmann, para quem a decisão do aumento “é política” e poderia ser evitada. “Essa é a lógica da administração pública, infelizmente: quanto mais arrecadar, melhor.”

Consulta – O fato de o Conselho Municipal de Transporte e Trânsito (CMTT), criado após os protestos de 2013, não ter sido consultado sobre o aumento provocou uma crise. Sete integrantes do conselho divulgaram uma carta de repúdio à atuação de Haddad. O mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP) Horácio Augusto Figueira diz que o aumento é inevitável. “O restaurante onde você come fica com o mesmo preço por quatro anos? Não.”

Ainda para reduzir protestos, os governos estadual e municipal anunciaram o aumento conjuntamente com a concessão do passe livre estudantil – embora o benefício não comece a valer nesta terça-feira. A ideia é beneficiar estudantes de escolas públicas e alunos de baixa renda ou cotistas de instituições privadas, mas a vantagem estará limitada a 48 viagens por mês.

No caso de Haddad, o petista ainda tenta aproveitar o reajuste para ampliar a viabilidade dos cartões temporais, cuja ideia não emplacou. O chamado bilhete único mensal, uma promessa de sua campanha nas eleições de 2012, até agora não atingiu o público esperado. O valor dos bilhetes diário (10 reais), semanal (38 reais) e mensal (140 reais) permanecerá congelado e, portanto, potencialmente mais econômico. No caso do bilhete único mensal integrado (transporte sobre trilhos e ônibus), que vai permanecer em 230 reais por mês – o benefício compensará para quem fizer mais que 21 integrações modais por mês.

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A prefeitura e o governo do Estado esperam uma migração de cerca de 860.000 pessoas para os cartões temporais.A chefe da cozinheira Maria José Pereira, de 55 anos, já decidiu que os funcionários passarão a usar o bilhete único mensal. Moradora de São Miguel Paulista, na Zona Leste paulistana, Maria José pega em média doze conduções por dia. “Por mês, esperamos ter uma economia de uns 22 reais com o bilhete mensal integrado.”

Protesto – O Passe Livre promoveu nesta segunda-feira uma aula pública para falar sobre a passagem, no Vale do Anhangabaú, em frente ao gabinete de Haddad. Cerca de 350 pessoas, segundo a Polícia Militar, acompanharam a fala do ex-secretário municipal de transportes Lúcio Gregori. Ele cunhou o termo “tarifa zero” para o transporte público quando propôs, em 1990, durante a gestão da então petista Luiza Erundina (hoje no PSB), que as pessoas pudessem se locomover gratuitamente pela cidade.

Um dos integrantes da Juventude do PT, o filho do prefeito, Frederico Haddad, foi ao ato no Vale do Anhangabaú. Reconhecido por jornalistas, ele ficou irritado e foi embora do local. “Só estou observando”, disse. Ele declarou que não participará de protestos contra o aumento tarifa. O mais aguardado será na próxima sexta-feira. As adesões já passaram de 30.000 na internet. A manifestação terá apoio de outras entidades, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). “Vamos dialogar para fazermos algo que seja sincronizado”, disse Guilherme Boulos, da coordenação nacional do MTST, que planeja ações em Campo Limpo, Zona Sul, e Guaianases, Zona Leste. “Vamos partir de bairros mais afastados desta vez”, disse Andreza Delgado, do MPL. Segundo ela, um segundo protesto foi marcado para o dia 16.

(Com Estadão Conteúdo)

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