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Sobrinho de Lula não explica como empresa recebeu R$ 1,5 milhão

Em inquérito da Operação Janus, Taiguara Rodrigues dos Santos, que tinha contratos milionários com a Odebrecht em Angola, é apontado como laranja de Lula

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 ago 2016, 19h09 - Publicado em 5 ago 2016, 15h55

O empresário Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho do ex-presidente Lula, é um fenômeno do mundo dos negócios: de uma hora para  outra, passou de vidraceiro falido em Santos a sócio de uma empresa de engenharia de grandes obras em Angola. O salto ocorreu quando o jovem criou a Exergia Brasil, com patrimônio de 1,5 milhão de reais, e assinou contratos milionários com a construtora Odebrecht. Após VEJA revelar essa façanha em 2015, Taiguara passou a ser investigado. No dia 20 de maio, ele se tornou alvo da Operação Janus — e foi conduzido coercitivamente pela Polícia Federal para esclarecer a origem da sua fortuna suspeita. Quando questionado sobre o capital social de sua empresa, respondeu que era de 2,5 milhões de reais. Não soube explicar como chegou a esse montante, mas garantiu que o aporte não saiu de sua conta bancária. Sugeriu que os policiais ouvissem o contador.

O contador José Emmanuel Camano, responsável pela administração da Exergia Brasil, deu uma versão diferente. Segundo ele, o capital social da empresa é de 1,5 milhão de reais, “ tendo a integralização sido feita por João Germano (51%) e Taiguara (49%)”. Ou seja, de acordo com o relato de Camano, o sobrinho de Lula injetou quase metade do 1,5 milhão de reais na Exergia Brasil, mesmo não sabendo explicar direito como ocorreu essa operação financeira, muito menos a origem do dinheiro.  Taiguara e seu contador também derraparam em outros trechos de seus depoimentos.

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Em outubro de 2015, durante uma audiência na CPI do BNDES, realizada na Câmara dos deputados em Brasília, o empresário disse que visitou Cuba em março de 2014 na companhia de seu primo, Fábio Luis, o Lulinha. Aos parlamentares, Taiguara afirmou que o seu intuito era prospectar negócios, enquanto o filho do ex-presidente curtia as férias no país. O contador, mais uma vez, apresentou outro lado da história: “Que também viajou com o Taiguara e o Fábio, ‘Lulinha’, para Cuba, ocasião em que buscavam potenciais mercados na área de exportação de alimentos, nada tendo sido concretizado”.

E-mails publicados por VEJA no ano passado revelaram que um representante da Agência Brasil de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Cuba chegou a pedir autorização para reservar um espaço numa feira empresarial para que Taiguara e Lulinha se reunissem reservadamente com autoridades do governo local. A direção do órgão, porém, barrou a solicitação. Os investigadores apuram se Taiguara era parceiro de negócios de Lulinha. O site da Exergia Brasil foi criado pela G4, de Fábio Luis. O único cliente conhecido da empresa é a empreiteira Odebrecht.

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A Polícia Federal e o Ministério Público Federal estão apurando todas as estranhezas no súbito enriquecimento de Taiguara – e quais as relações disso com Lula. “Não é difícil enxergar as diversas inconsistências na narrativa apresentada e concluir que toda a inexplicável prosperidade financeira de Taiguara e seus contratos milionários com a Odebrecht constituem, na verdade, favor e meio indireto adotado pela Odebrecht para retribuir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelos serviços prestados”, diz a PF.

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O advogado de Taiguara, Fábio Rogério de Souza, nega o envolvimento de seu cliente com irregularidades. “Ele jamais intermediou transações financeiras fraudulentas, nunca emprestou seu nome, documentos ou contas bancárias para ocultar a identidade de qualquer pessoaOs questionamentos feitos pela CPI e posteriormente no inquérito da Polícia Federal tomam como base reportagens jornalísticas”, complementou.

Taiguara, que costuma dizer que está na pindaíba, declarou à PF ter hoje uma renda mensal de 10 000 reais, coletando sucatas.

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