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“Só lavoro, lavoro”, diz Mandetta sobre conspiração de Onyx para demiti-lo

Ministro afirmou a VEJA ignorar movimento de bastidores e diz que está focado em trabalho (lavoro, em italiano)

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 abr 2020, 17h36 - Publicado em 9 abr 2020, 16h40

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou a VEJA nesta quinta-feira, 9, que não comentaria o conteúdo da reportagem do site da CNN Brasil que mostra o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) conspirando para sua demissão. “Não li, só tenho lido notas técnicas sobre o coronavírus. Só lavoro, lavoro, lavoro”, disse o ministro, citando a palavra em italiano para “trabalho”.

A reportagem da emissora ouviu uma conversa entre Onyx e Terra, que atendeu à ligação da CNN e não desligou o telefone. “Ele (Mandetta) não tem compromisso com nada que o Bolsonaro está fazendo”, disse o ministro da Cidadania, segundo a reportagem. “E ele (Mandetta) se acha”, respondeu o deputado, que até fevereiro ocupou a pasta ocupada por Onyx Lorenzoni e é um dos cotados para assumir a da Saúde em caso de demissão do ministro. 

Ainda de acordo com a CNN, Onyx Lorenzoni afirma que o presidente Jair Bolsonaro “deveria ter arcado” com as consequências da demissão de Mandetta, enquanto Osmar Terra disse que “o ideal era o Mandetta se adaptar ao discurso do Bolsonaro”.

Falando sobre uma reunião, provavelmente a da última segunda-feira, 6, quando Bolsonaro se reuniu com os ministros no Palácio do Planalto, Onyx disse a Terra que “uma coisa como o discurso da quarentena permite tudo. Se eu tivesse na cadeira… O que aconteceu na reunião eu não teria segurado, eu teria cortado a cabeça dele…”.  “Você viu a fala dele depois?”, indagou o deputado. 

Segundo a CNN, o ex-ministro da Casa Civil afirmou então que as declarações de Mandetta após a reunião foram “a pá de cal”, que não fala com o ministro da Saúde, seu correligionário no DEM, há dois meses e que “se ele sai vai acabar indo para a secretaria do Doria”. Terra, então, sugere: “Eu ajudo Onyx. E não precisa ser eu o ministro, tem mais gente que pode ser.”

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Apesar das especulações de Onyx Lorenzoni e dos elogios públicos que fez a Luiz Henrique Mandetta, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), desafeto de Bolsonaro, já disse publicamente que não o convidaria para sua equipe caso ele deixasse o governo. Por outro lado, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), aliado de Mandetta, tem interesse em abrigá-lo em sua gestão.

No diálogo vazado, Lorenzoni e Terra especulam também sobre o número de mortes que a pandemia vai provocar no país. Onyx estima que deve chegar a 4.000 mortos. Terra acha que fica “entre 3 e 4 mil”. Segundo o Ministério da Saúde, o número de óbitos no país até esta quinta-feira, 9, é de 941.

Entre a bancada do DEM na Câmara, onde os demistas Onyx e Mandetta foram colegas, a ligação vazada entre o ministro e Osmar Terra repercutiu mal e foi alvo de críticas.

“A avaliação é de que a postura dele não condiz com a relação de amizade que ele e Mandetta tinham como deputados”, diz o líder da bancada, Efraim Filho (DEM-PB). A relação entre os ministros do DEM estremeceu a partir do início da pandemia do coronavírus, quando o ministro da Saúde assumiu uma postura favorável ao isolamento social e o da Cidadania, fazendo coro a Bolsonaro, era contra as quarentenas.

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