Serra sobre cabo eleitoral: ‘Não tenho Lula nem não-Lula’
No dia em que TVs passam a acompanhar a campanha, candidato do PSDB visitou hospital com tecnologia de ponta que inaugurou quando governador
O candidato do PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, afirmou nesta segunda-feira que a entrada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na campanha de Fernando Haddad (PT) já era esperada. O tucano evitou analisar o impacto da atuação do cabo eleitoral de seu adversário na disputa. “Eu não tenho nenhum Lula, nenhum não-Lula”, disse ao ser questionado sobre o fato de os médicos terem liberado hoje o ex-presidente para participar da campanha. Leia também: Da TV para o palanque: os famosos querem entrar para a política Lula estava em tratamento desde o ano passado contra um câncer na laringe. “Cada campanha define como vai fazer. Espero que ele possa se recuperar bem fisicamente”, afirmou Serra. A presença de Lula na campanha de Haddad é a carta na manga do PT para fortalecer a candidatura do ex-ministro. A dois meses da eleição, o candidato tem só 7% de intenção de voto na última pesquisa Datafolha. Serra tem 30%. A preocupação do PT é ter o ex-presidente ao lado de Haddad na rua no momento em que as emissoras de TV, principalmente a Rede Globo, começam a cobrir diariamente a campanha. A cobertura foi iniciada nesta segunda em São Paulo. Por isso, Serra escolheu cuidadosamente o cenário de sua agenda. O tucano visitou uma das principais vitrines de sua gestão à frente do governo, um hospital da Rede de Reabilitação Lucy Montoro, no Morumbi, zona oeste de São Paulo. Com um sorriso largo no rosto, apertou a mão de pacientes e perguntou sobre os problemas de saúde de cada um. O hospital funciona em um prédio comprado pelo estado quando Serra era governador e tem equipamentos suíços e americanos de última geração. Serra prometeu, se eleito, integrar os 34 núcleos municipais de reabilitação aos cinco hospitais estaduais da Rede Lucy Montoro. Do lado de fora, a poucos metros da entrada do hospital, dez cabos eleitorais agitavam bandeiras com o nome do tucano. O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), chegou, sorriu e partiu. O atraso de 40 minutos de Serra para o compromisso, marcado para as 14h, fez com que Alckmin tivesse de deixar o prédio antes mesmo do início da visita do candidato à unidade. “Meu horário de almoço só vai até as 14h30”, avisou o governador assim que desembarcou de um carro particular – todo o cuidado para não infringir a legislação eleitoral. Os diretores do hospital e a secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Linamara Rizzo Battistella, no entanto, ficaram à disposição do candidato até as 16 horas. Eles guiaram a visita e se reuniram por vinte minutos com Serra, em uma sala dentro do hospital. A campanha tucana vai aproveitar a primeira semana de cobertura da campanha pela TV para levar Serra a lugares que são símbolos de sua gestão à frente do estado e da prefeitura. Assim, o candidato poderá expor à audiência suas “medalhas”, como gosta de chamar seus feitos. “As coisas que a gente fez valem a pena ser mostradas sempre que tenhamos algo a acrescentar neste trabalho”, disse o tucano. “A cobertura de TV e rádio é mais importante que o horário eleitoral porque não tem ensaio. Agora teremos sempre um espaço da campanha bem exposto.”