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Sem ex-presidente, enterro de irmão de Lula tem críticas a Moro e Toffoli

Cerimônia em São Bernardo ocorreu de forma tranquila e terminou com surpresa por decisão do STF, que foi considerada tardia

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jan 2019, 16h54 - Publicado em 30 jan 2019, 14h58

Apesar de esforços da cúpula do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não pôde comparecer ao enterro de seu irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá – que morreu vítima de câncer aos 79 anos de idade -, na tarde desta quarta-feira, 30, em São Bernardo do Campo (SP).

O velório ocorreu de maneira tranquila, com a presença de familiares, políticos e poucos manifestantes. Mas terminou com reclamações, sobretudo contra o ministro da Justiça, Sergio Moro, e o presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e gritos de “Lula Livre”.

O ex-presidente, preso desde abril do ano passado em Curitiba pela Operação Lava Jato, a princípio teve seu pedido para acompanhar a cerimônia negado pela Justiça Federal, após pareceres negativos da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, que alegaram problemas logísticos para o deslocamento do petista e riscos de segurança. Minutos antes do enterro, porém, Toffoli permitiu que Lula encontrasse os familiares, o que já não era possível.

Estiveram presentes, além de parentes como Frei Chico, irmão de Lula e Vavá, e filhos do ex-presidente, políticos como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) e a presidente do PT, Gleisi Hoffman. O vereador paulistano Eduardo Suplicy (PT) chegou trazendo a notícia de que enviou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo que Lula fosse liberado.

Suplicy citou que o “próprio vice-presidente, general Hamilton Mourão, no exercício da Presidência, considerou que se tratava de uma questão humanitária” e disse que caberia ao ministro da Justiça, Sergio Moro, se posicionar. “Moro está se esquivando de tomar uma decisão, que era uma decisão do próprio presidente em exercício”, disse.

As reclamações, em geral, se baseavam no não cumprimento pela Justiça Federal da Lei de Execuções Penais, que prevê que qualquer condenado pode obter permissão para sair do estabelecimento onde está preso, sob escolta, em razão de “falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão”.

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Suplicy mantinha a esperança de que Lula fosse autorizado a viajar para o ABC Paulista e cogitava que o evento fosse adiado em algumas horas – hipótese prontamente rejeitada por Gleisi Hoffmann. “Não dá mais tempo de Lula vir
Até em respeito aos familiares e diante das condições do corpo, não podemos adiar.”

Protesto

Mais cedo, pelo Twitter, Gleisi convocou a militância petista a ir até o enterro “contra a injustiça, pela liberdade e pelos direitos de Lula”. Cerca de uma hora depois, a senadora apagou a publicação ao saber do recurso do partido ao STF.

Os poucos manifestantes presentes protestaram de forma pacífica, com faixas e gritos de “Lula Livre”, sob forte calor no Cemitério Pauliceia, em São Bernardo do Campo.

“Lula não veio por uma arbitrariedade, um ato desumano, isso é mais que perseguição política”, discursou Gleisi, pouco antes, ao lado do caixão de Vavá, que partiu rumo à cova ao som de “Como É Grande o Meu Amor Por Você”, de Roberto Carlos.

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Após o enterro, quando a notícia de que Toffoli havia liberado o encontro com familiares em uma unidade militar começava a se espalhar, o clima foi de ligeira revolta. “Palhaçada”, gritaram alguns manifestantes.

Isso é o mesmo que nada”, afirmou Luiz Marinho, ex-prefeito de São Bernardo. Frei Chico, irmão de Lula, demonstrou consternação: “Não deixa de ser uma decisão decente, mas é inviável, não significa nada. Tinham de ter autorizado antes. O que vai acontecer é a família visitar o Lula, o dia certo já era amanhã (quinta) mesmo. Eu devo ir a Curitiba, são cinco pessoas autorizadas. Mas não tenho certeza, essas visitas são muito cansativas.”

“Fomos pegos de surpresa, não sabemos ainda como vai ser. A princípio, vamos visitá -lo amanhã em Curitiba”, disse Fábio Luís, filho de Lula.

Edson Inácio, filho de Vavá e sobrinho de Lula, contou que partiu dele a decisão de não adiar o enterro. “De manhã, começou aquele papo se o Lula vem ou não e eu disse: vou sepultar meu pai às 13h, não vou ficar dependendo de nada. Meu pai sofreu e lutou contra uma doença que destrói as pessoas, não vou ficar esperando.”

Edson acredita que agora não há mais motivos para Lula vir a São Paulo, já que cinco familiares já o visitarão em Curitiba na quinta-feira de qualquer forma. “A hora que saiu essa decisão não tem sentido, parece que foi só pra dizer que fez. Não acho que foi uma provocação, só acho que não tem sentido nenhum. Estava na lei e ele (Toffoli) deveria ter sido liberado antes. Agora o corpo está enterrado. A família está cansada e destroçada, desde ontem fazendo de tudo para sepultar o ente querido”.

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