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Boechat: Tecnologia que propaga farsa é também antídoto para desmascará-la

No fórum Amarelas ao Vivo para discutir a relevância social do jornalismo profissional, âncora afirma que fenômeno de notícias falsas está superdimensionado

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 09h17 - Publicado em 24 abr 2018, 12h48

Um dos jornalistas mais respeitados do país, Ricardo Boechat esteve no fórum Amarelas ao Vivo para tratar daquilo que mais entende: jornalismo profissional, o impacto do ofício na sociedade brasileira e sua relevância em tempo de proliferação de notícias falsas na internet. Na avaliação de Boechat, as fake news são tratadas com uma “dimensão apocalíptica” que não se justifica.

“A sociedade não está tão vulnerável à mentira. Nós esquecemos que a tecnologia que dá essa dimensão à mentira é a mesma que a desmascara”, afirmou na entrevista conduzida pelo redator-chefe de VEJA Fábio Altman. “Tratamos as fake news como se fossem um mal sem cura. Está na própria natureza da notícia falsa a tecnologia, que é o antidoto que a matará no menor tempo do que sempre se propagou.”

Na opinião de Boechat, a mentira já foi mais eficaz do que é atualmente. “Hoje há menos gente vivendo sob regimes de força do que houve em qualquer época da humanidade.” Ele minimiza até mesmo o papel que as notícias falsas tiveram na eleição de Donald Trump à Presidência dos EUA. Para Boechat, a vitória do republicano é fruto de uma realidade que sempre foi americana. “Fake news tornaram-se um fenômeno, porque emanaram da sede do império”, afirmou em relação à influência global americana.

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Sobre o trabalho da imprensa, Boechat também não vê mudanças. “Tem que persistir nos fundamentos do jornalismo”, reforçando a necessidade de apuração correta, investigação e edição. Para ele, a novidade é a capacidade que os cidadãos têm hoje de propagar informações com um telefone celular.”O jornalista que não der a esse personagem o tratamento de protagonista ficará para trás”, avalia.

Confessando já ter caído em “muita fake news“, Boechat relembrou de uma análise que fez sobre a possível candidatura de Luciano Huck baseada na informação de que ele teria o maior salário e cachê já pagos a um apresentador. “Me corrigiram imediatamente e desmenti. Essa é a instantaneidade do antídoto.”

Atualmente âncora da rádio BandNews FM e da TV Band, o jornalista tem 48 anos de profissão e passagens por alguns dos principais veículos brasileiros, como os jornais O GloboO Estado de S.PauloJornal do Brasil, além da TV Globo e do SBT.

Pesquisa do instituto Ideia Big Data, produzida com exclusividade para VEJA com 2 004 entrevistados entre os dias 9 e 10 de janeiro de 2018, mostra que 83% dos brasileiros temem compartilhar notícias falsas nas redes que utilizam. No entanto, a checagem das informações encontradas em portais, jornais e emissoras profissionais é um hábito quase que restrito às classes A (52% checam) e B (46%). O número cai drasticamente quando se observam as classes D (24%) e E (só 13% conferem).

O índice é preocupante especialmente porque pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), em estudo divulgado em 2018, desmentiram um dos mitos que prevaleciam desde o início da propagação de notícias falsas: o de que estas seriam dependentes do uso de robôs para disseminar o conteúdo. Excluídos os robôs, os estudiosos do MIT verificaram que apenas 26% das fake news sumiram.

Isto é, são, de fato, pessoas de carne e osso que compartilham na maior parte das vezes o conteúdo, que se propaga mais rápido e, segundo o MIT, é selecionado a partir do “viés de confirmação”: os leitores acreditam naquilo que estes previamente já acreditam; e consideram não confiáveis as que discordam de suas opiniões preeestabelecidas.

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