Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Renan tinha representante para negociar propina, reafirma delator

Ex-diretor Paulo Roberto Costa confirma à Justiça que presidente do Senado atuava por meio do deputado federal peemedebista Aníbal Gomes

Por Laryssa Borges e Marcela Mattos, de Brasília
13 jul 2015, 22h30

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa confirmou nesta segunda-feira em interrogatório na Justiça Federal do Paraná que o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tinha o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) como seu “representante” para negociar o pagamento de propina do escândalo do petrolão. O nome de Calheiros já havia sido citado pelo próprio Costa, um dos principais delatores da Operação Lava Jato. Renan é alvo de três inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas dos crimes de corrupção passiva, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. “Ele [Renan] tinha um representante lá [na Petrobras], o deputado Aníbal Gomes, que em algumas vezes negociou comigo isso [propina]. Renan não participava de reunião com empreiteiros, mas Aníbal sim”, disse o delator.

Em um dos casos que motivou a abertura de inquérito contra o presidente do Senado, Paulo Roberto Costa havia informado às autoridades que Renan recebia dinheiro de empreiteiras contratadas pela Petrobras, realizava as negociatas em sua própria casa e recolhia propina da Transpetro, subsidiária da Petrobras então controlada por Sergio Machado, seu aliado. Em depoimento nesta segunda ao juiz Sergio Moro, o ex-diretor da Petrobras disse ter sido apadrinhado na Petrobras pelo PP e pelo PMDB e afirmou ter se reunido na casa do senador Romero Jucá (PMDB-RR), na casa Calheiros e também com o deputado Aníbal Gomes para discutir propina. Os três parlamentares são investigados por suspeitas de envolvimento com o petrolão.

As diversas referências a Renan nos autos da Lava Jato demonstram, segundo o Ministério Público, que o peemedebista atuava no esquema de corrupção e fraudes em contratos na Petrobras. A força-tarefa de procuradores questiona as doações eleitorais recebidas pelo senador, apontando que várias empresas estavam envolvidas no esquema de corrupção de parlamentares e que elas utilizavam o sistema de doações eleitorais para camuflar o real objetivo das movimentações de dinheiro: o pagamento de propinas.

Leia mais:

Youssef diz à Justiça que pagou ao PT e a Vaccari

Odebrecht – Às vésperas de vencer o prazo para a conclusão dos inquéritos da 14ª fase da Operação Lava Jato, que levou para atrás das grades os presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, o ex-diretor Paulo Roberto Costa afirmou que as duas empreiteiras faziam parte do cartel de construtoras que fraudava contratos com a Petrobras e disse que a Odebrecht era a principal pagadora de propina para ele no exterior. A contabilidade do dinheiro sujo, disse, era de responsabilidade do operador Bernardo Freiburghaus.

Segundo o ex-dirigente, dois executivos da companhia, Rogério Araújo e Márcio Faria, foram responsáveis por explicar ao próprio Costa a existência do cartel e o mecanismo de pagamento de propina na estatal. O delator ainda disse que tinha “mais liberdade para conversar” sobre o esquema criminoso com três executivos: Ricardo Pessoa, dono da UTC e que também fechou um acordo de delação premiada, além de Rogério Araújo e Márcio Faria. Para ele, o esquema de pagamento de propina a partidos políticos era do interesse das próprias empresas, que reproduziriam o propinoduto também em outras áreas, como obras em aeroportos e no setor elétrico. “Esses partidos tinham ministérios. O que aconteceu na Petrobras acontecia em outras áreas, no setor elétrico, portos, aeroportos. As empresas não queriam ter atrito para evitar problemas em áreas também fora da Petrobras”, resumiu.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.