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Renan Calheiros queria mais propina do que eu conseguia, afirma Machado

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
15 jun 2016, 16h30

Apadrinhado pelo PMDB e responsável por comandar a Transpetro até 2014, o ex-presidente da subsidiária da Petrobras Sergio Machado afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que o atual presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) o pressionava por mais repasses de propina e que, por isso, chegou a ter atritos com o senador. No ano de 2007, diante das pressões para que os cofres do peemedebista fossem irrigados mais generosamente, Machado afirmou que passou a ser alvo de notas na imprensa segundo as quais estaria de saída da empresa. De imediato, entendeu o recado e confirmou ao Ministério Público que “precisava ser eficaz na arrecadação de propinas ou não ficaria no cargo”.

“Nesse período inicial, o depoente teve atritos com o senador Renan Calheiros, porque ele queria mais recursos do que ele era capaz de obter”, afirmou o delator. De acordo com ele, com a chegada do peemedebista Edison Lobão ao Ministério de Minas e Energia, o esquema de arrecadação de dinheiro sujo para políticos do PMDB passou por uma reorganização. Era agora mensal e beneficiava diretamente, além de Renan e do Lobão, também o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente José Sarney. “Isso passou a ser possível porque a Transpetro passou a ter mais capacidade de investimento, gerando assim mais contratos e, consequentemente, permitindo ao depoente arrecadar mais propinas”, revelou o delator.

Nesta tarde, Renan Calheiros fez uma rápida declaração sobre o teor da delação premiada de Sergio Machado. “Cita [meu nome] mas não prova nada. Com relação a mim, eu nunca autorizei ninguém para falar em meu nome em nenhum lugar. Todas as doações que recebi em campanhas eleitorais foram doações legais e com contas prestadas à justiça. Não tenho absolutamente nada a temer”.

Esquema – No esquema de cobrança de dinheiro sujo, Sergio Machado disse que empresas que não aceitassem pagar propina a políticos não conseguiam novos contratos na Transpetro. Foi o caso, por exemplo, da construtora Skanska, que interrompeu unilateralmente o pagamento de suborno a políticos. Recentemente, a companhia foi declarada inidônea pelo governo por distribuir propinas no escândalo do petrolão.

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Segundo Machado, a ideia é que, para conseguirem contratos na Transpetro, as empresas tivessem, entre outros pontos, capacidade técnica, preço de mercado e “aceitação de contribuir com recursos ilícitos”. Concordaram em pagar propina, conforme a versão do delator, as empresas Queiroz Galvão, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia, NM Engenharia, Estre Ambiental, Pollydutos, Essencis Soluções Ambientais, Lumina Resíduos Industriais, Irodotos Navigación, Devaran International e Estaleiro Rio Tietê. A UTC também tinha aceitado, mas depois deixou o esquema.

O delator explicou aos investigadores da Operação Lava Jato que os presidentes e controladores das empresas eram contatados para desembolsar o dinheiro sujo. Nas eleições de 2004 e 2006, o operador Felipe Parente atuou como operador do esquema de pagamentos a políticos. Na sequência, para evitar que muitas pessoas tivessem conhecimento do propinoduto, o próprio Sergio Machado voltou a atuar no recolhimento dos recursos. Reuniões mensais ou bimensais selavam os valores a serem repassados a cada congressista. “A Camargo Correa, a Queiroz Galvão e a Galvão Engenharia pagavam propinas para repasse a políticos mais por meio de doações oficiais do que por dinheiro em espécie”, disse ele.

Para a entrega das propinas aos políticos, a exemplo do que já revelou a Operação Lava Jato, codinomes eram utilizados tanto pelo entregador do dinheiro quanto para os prepostos dos políticos beneficiados pelos recursos desviados dos contratos com a Transpetro. Machado disse que acredita que tinha 60% de taxa de sucesso no recolhimento de propina para políticos e, na contabilidade de dinheiro sujo, o percentual cobrado das empresas era de cerca de 3,0% na área de serviços e de 1,0% a 1,5% na parte de navios. O delator estima que ele próprio recebeu cerca de 2 milhões de reais por ano em propinas “das sobras dos repasses a políticos” e outros 70 milhões de reais no exterior. Apenas a Galvão Engenharia, disse, pagou mais de 5 milhões de reais a ele em uma conta no HSBC no exterior.

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