Recusa de Lula a depor a promotor de SP motivou condução à força
No despacho do juiz federal Sérgio Moro, no entanto, alegação é que condução coercitiva foi para evitar confrontos em frente ao prédio do ex-presidente
O delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, da força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou que pesou na decisão de pedir ao juiz Sérgio Moro a condução coercitiva do ex-presidente Lula o fato de o petista e a ex-primeira-dama Marisa Letícia terem se recusado a depor pessoalmente sobre o tríplex em Guarujá (SP) ao Ministério Público de São Paulo, em inquérito conduzido pelo promotor Cássio Conserino.
“A partir do momento em que virou investigado pelo Ministério Público de São Paulo, ele tem se recusado a comparecer. Esse é um dos motivos, e principalmente o fato de quem está à frente da investigação entender que seria conveniente e mais produtivo um depoimento logo na deflagração da operação”, disse o delegado.
No despacho do juiz federal Sérgio Moro, no entanto, a alegação foi de que a condução coercitiva visou a evitar tumultos envolvendo defensores do ex-presidente. “(O Ministério Público) Argumenta que a medida é necessária pois, em depoimentos anteriormente designados (…) teria havido tumulto provocado por militantes políticos, como o ocorrido no dia 17/02/2016, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo”, diz o despacho. “No confronto entre polícia e manifestantes contrários ou favoráreis ao ex-Presidente, ‘pessoas ficaram feridas’.”
Nas últimas semanas, a defesa de Lula encaminhou informações por escrito ao promotor de São Paulo e conseguiu um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado, depois de recorrer também ao Conselho Nacional do Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal contra o promotor.
Manifestações pró e contra Lula foram registradas novamente nesta sexta, inclusive com feridos. “Colhendo o depoimento mediante condução coercitiva, são menores as probabilidades de que algo semelhante ocorra, já que essas manifestações não aparentam ser totalmente espontâneas”, ponderou o juiz Sérgio Moro ao autorizar a PF a levar Lula de surpresa.