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Recibos de Lula foram assinados em um único dia, diz advogado

Glaucos Costamarques reitera que só começou a receber por cobertura de São Bernardo depois de novembro de 2015, quando o primo José Carlos Bumlai foi preso

Por Eduardo Gonçalves
Atualizado em 28 set 2017, 13h39 - Publicado em 28 set 2017, 12h16

A defesa do engenheiro Glaucos da Costamarques afirmou na noite desta quarta-feira que os recibos entregues pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não comprovam que houve pagamento do aluguel da cobertura vizinha à que o ex-presidente mora em São Bernardo do Campo (SP) e pela qual ele é investigado por corrupção e lavagem de dinheiro.  “Os recibos não provam o recebimento do dinheiro”, disse a VEJA o advogado do empresário, João Mestieri.

A  força-tarefa da Operação Lava Jato acusa o ex-presidente de ser o verdadeiro dono do imóvel recebido como propina da Odebrecht. Nos registros, o apartamento pertence a Costamarques, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Segundo a procuradoria, ele atuou como um laranja no esquema e assinou um contrato de locação com a ex-primeira-dama Marisa Letícia para dar aparência de legalidade à operação ilícita.

O imóvel se tornou questão central do processo depois que a defesa do ex-presidente apresentou ao juiz Sergio Moro 26 recibos de pagamento que datam de agosto de 2011 a dezembro de 2015. Em tese, os documentos contradizem depoimento prestado por Costamarques a Moro no início deste mês. Na ocasião, ele afirmou que comprou o imóvel por 504.000 reais a pedido de Bumlai, que levou calote de Lula durante 4 anos e que só começou a receber efetivamente em novembro de 2015, no mesmo mês em que seu primo foi preso na Lava Jato. Para a defesa do ex-presidente, os recibos demonstram que a cobertura não é dele e que o aluguel foi pago.

O advogado de Costamarques contesta essa afirmação. Segundo ele, Costamarques estava internado no Hospital Sírio Libanês para passar por uma cirurgia cardíaca, quando o contador João Muniz Leite e o advogado e compadre de Lula, Roberto Teixeira, que também é réu no caso, trouxeram-lhe de uma vez um calhamaço de recibos para ele assinar. “O Teixeira teria dito para ele: ‘Olha, o seu primo que pediu para você assinar’. E ele assinou, sem saber muito bem o que estava fazendo. Estava numa cama de hospital e também não eram valores muito altos”, disse Mestieri.

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O advogado antecipou que irá pedir ao juiz Sergio Moro as imagens das câmeras de segurança do hospital que comprovariam a visita do contador e do advogado ao seu cliente. Segundo ele, os recibos que contém duas datas inexistentes, como 31 de junho de 2014 e 31 de novembro de 2015, teriam sido escritos pelo contador, que trabalha com Teixeira.

Por esta linha de raciocínio, os recibos não colidiriam com o que ele falou em juízo, apesar de ele não ter mencionado esse episódio a Moro. “Ele já tem mais de 80 anos. Ele vai se lembrando aos poucos. Mas o que ele falou é rigorosamente verdadeiro”, frisou o advogado.

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Como réu na ação, Costamarques tem o direito de não dizer à verdade e não ser processado por isso. Em interrogatório à Polícia Federal em outubro de 2016, ele disse que Teixeira recebia o aluguel em seu nome e descontava das despesas que tinha com ele por serviços advocatícios. Diante de Moro, ele mudou a versão, justificando que falou aquilo porque ainda esperava o pagamento do aluguel atrasado e não queria prejudicar Bumlai, com quem tinha um “laço grande” de amizade, sendo até padrinho de um dos seus filhos.

Tanto Lula como Costamarques declararam à Receita Federal os recebimentos do aluguel. “Era uma declaração falsa, portanto?”, perguntou-lhe a procuradoria em interrogatório. Ele respondeu: “É, mas acontece o seguinte: eu tinha um contrato de aluguel. Como é que eu ia fazer se eu não declarasse, entendeu? Eu declarei que eu recebi os aluguéis, mas eu não recebi”.

Foto: Recibos apresentados continham datas inexistentes

(Reprodução/Reprodução)
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