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Ré pela morte do marido, Flordelis recebeu R$ 10,1 mi em emendas em 2020

Valor corresponde ao que foi pago à parlamentar no ano passado, quando ela já era investigada e denunciada por ser a mentora e a mandante do assassinato 

Por Marina Lang Atualizado em 3 fev 2021, 17h01 - Publicado em 2 fev 2021, 18h00

Enquanto as investigações sobre o assassinato do pastor Anderson do Carmo se desenrolavam em 2020 na  Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí, na região metropolitana do Rio de Janeiro, a deputada federal Flordelis dos Santos (PSD-RJ) viu suas emendas parlamentares de mais alto valor sendo liberadas pelo Governo Federal. Já investigada pela morte do marido em 2020 e tornada ré no final de agosto do mesmo ano, a parlamentar recebeu 10.140.454,00 de reais do orçamento da União para atender os seus pleitos – todos eles descritos como voltados para o atendimento em saúde no estado do Rio. 

Anderson do Carmo foi assassinado com seis tiros na madrugada de 16 de junho de 2019 dentro da garagem de casa. As balas causaram 30 perfurações no corpo do pastor. Após um ano e dois meses de investigações, a Polícia Civil do Rio de Janeiro e o Ministério Público estadual apontaram a deputada federal como a mentora e a mandante do homicídio do próprio marido.

Os executores, de acordo com as investigações, foram o filho biológico de Flordelis, Adriano dos Santos Rodrigues, e o adotivo Lucas dos Santos – o primeiro teria efetuado os disparos, enquanto o segundo teria obtido a arma calibre 9mm usada no homicídio. Mais dez pessoas, entre filhos e netos, estão presas acusadas de terem participado da trama conspiratória que executou o pastor. A deputada só não foi presa devido à imunidade parlamentar. O casal tinha um total de 55 filhos, entre biológicos e adotivos. Flordelis nega as acusações. Ela e os demais réus estão sendo julgados pela 3ª Vara Criminal de Niterói.

Os dados sobre as quantias liberadas por meio de emendas parlamentares para a deputada – que hoje é monitorada por uma tornozeleira eletrônica e não pode sair de casa entre 22h e 6h – constam no Portal da Transparência do Governo Federal, que não informa a data precisa na qual os valores foram pagos. Outros 2,8 milhões de reais, relativos a emendas parlamentares de menor valor em 2020, estavam empenhados e não chegaram a ser pagos, mas os pagamentos já foram autorizados pelo governo. 

As mais polpudas cifras foram pleiteadas para a saúde e para a atenção básica da capital fluminense: são duas no valor exato de 2.220.227,00 de reais. Há, ainda, três emendas no valor de 1,5 milhão de reais liberadas para assistência hospitalar e ambulatorial nas cidades do interior: Saquarema, Campo dos Goytacazes e Tanguá. Outra emenda, de 1,2 milhão de reais, foi designada com o mesmo rótulo para unidades de saúde na cidade de Rio Bonito. 

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O Portal da Transparência, no entanto, não discrimina para quais unidades de saúde essas verbas foram destinadas. Procurados por VEJA, nenhum dos assessores atendeu ao telefone do gabinete de Flordelis nesta terça-feira, 2. 

De tornozeleira e juntamente a um grupo de aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Flordelis apoiou e chegou a fazer campanha para o novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), em incursão pela Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e pelo Palácio Guanabara, onde o comboio parlamentar foi recebido pelo governador em exercício, Cláudio Castro (PSC). Ontem, ela comemorou a eleição em suas redes sociais. 

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Não se sabe ao certo quanto o Governo Federal liberou em emendas para os deputados federais em 2021 – com o candidato de seu apoio derrotado por Lira, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ) chegou a mencionar que o governo estaria prometendo 20 bilhões de reais na Casa Legislativa. O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), que era o candidato à presidência da Câmara apoiado por Maia, chegou a declarar que era uma “venda de terrenos na Lua”, uma vez que o Orçamento de 2021 ainda não foi aprovado. Até a última atualização em 26 de janeiro do portal Siga-me, que lista as emendas parlamentares, não havia verba destinada às propostas de Flordelis em 2021. 

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Na Câmara dos Deputados o processo de cassação do mandato de Flordelis está parado desde o ano passado. No dia 28 de outubro, a Mesa Diretora decidiu, por unanimidade, enviar o caso para a Comissão de Ética, cujas atividades ficaram paradas em razão da pandemia do coronavírus. Não há previsão de que ele seja avaliado. Isso porque os membros da comissão da Câmara, agora sob nova gestão, ainda não foram designados.

De acordo com a sua página pessoal no site da Câmara, nesta terça-feira ela assume como uma das titulares da Secretaria da Mulher que, entre diversas atribuições, também combate a violência doméstica. Após a publicação da reportagem, a secretária da pasta, professora Dorinha (DEM-TO), declarou que todas as mulheres da Câmara são titulares da secretaria durante votação remota. 

À época da denúncia que a tornou ré, o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do MP do Rio viu indícios de rachadinha e nepotismo no gabinete da parlamentar.

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