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Quadrilha lucrava R$ 1 milhão com apenas 30 caça-níqueis

Matheus Mella Rodrigues, que fala à Comissão Parlamentar de Inquérito, também detalha contatos políticos da organização criminosa

Por Gabriel Castro e Laryssa Borges
10 Maio 2012, 16h19

A quadrilha do contraventor Carlinhos Cachoeira arrecadava mensalmente cerca de 1 milhão de reais apenas com a exploração de 30 caça-níqueis em uma das bases do grupo. A informação foi dada pelo delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues à CPI do Cachoeira nesta quinta-feira, em sessão sigilosa. De acordo com o relato do investigador, responsável pela Operação Monte Carlo, o líder do grupo ficava com 30% do que era arrecadado.

Embora não tragam grandes novidades em relação ao que já foi divulgado sobre o inquérito da operação, as informações são úteis para diferenciar o grau de envolvimento de cada um dos envolvidos com o bando. O delegado, que fala à CPI em sessão secreta, disse que o nome do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), é citado 237 vezes em diálogos da quadrilha. Mas as conversas do governador com Cachoeira foram apenas duas durante o período da investigação: em uma delas, Perillo deseja feliz aniversário ao contraventor.

Segundo o investigador, os principais contatos da quadrilha no governo de Goiás eram Eliana Pinheiro, então chefe de gabinete de Perillo, Edivaldo Cardoso, que comandava o Detran do estado, e Ronaldo Bicca, então procurador-geral do estado. Os três foram demitidos depois das primeiras denúncias.

No Distrito Federal, o bando também se valia de dois contatos principais dentro do governo de Agnelo Queiroz (PT): João Carlos Feitosa, o Zunga, subsecretário de Esporte, e Cláudio Monteiro, chefe de gabinete do governador. A dupla também acabou exonerada com o surgimento do escândalo.

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Entre os deputados, Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) tem o maior grau de envolvimento com o grupo. Sandes Júnior (PP-GO) e Stepan Nercesian (PPS-RJ) também possuem ligações com a quadrilha, mas de forma menos intensa. Contudo, nenhum político se aproximou tanto de Cachoeira como o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).

O delegado leu aos integrantes da CPI uma lista com 81 nomes de autoridades citadas de alguma forma nas investigações (a relação inclui até mesmos três ministros do Supremo Tribunal Federal). Mas Rodrigues ponderou que, na maior parte dos casos, não há elementos concretos ligando esses nomes à quadrilha.

O delegado também confirmou à CPI as relações do grupo de Cachoeira com a construtora Delta, o que inclui pelo menos três depósitos da empreiteira a companhias do contraventor. Segundo Rodrigues, o ponto mais intenso do contato era o comando da Delta no Centro-Oeste.

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Divergência – A maior parte dos deputados e senadores que deixaram a sala da CPI concorda que o depoimento do delegado compromete principalmente o governo de Goiás, além de reforçar as suspeitas sobre a gestão petista no Distrito Federal. O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) quer que a comissão dê prioridade ao depoimento de Marconi Perillo. “Tem que se alterar o plano de trabalho da CPI”, defendeu o senador. “Não dá para dizer que o nível de envolvimento do governador Perillo é o mesmo do senador Demóstenes, mas ele tem contatos e eu não acho normal um governador de estado ligar para dar os parabéns a um contraventor”.

O deputado Sílvio Costa (PTB-PE), entretanto, acredita que os governadores não devem ser convocados. “Não tem batom na cueca”, diz ele. Anthony Garotinho (PR-RJ) discorda: “Se não convocarmos o Perillo, a CPI perde todo o sentido”.

Exterior – Mais cedo, o delegado havia dito que a quadrilha usou 13 empresas diferentes, uma delas em paraíso fiscal no Caribe, para movimentar os recursos arrecadados com o jogo ilegal.

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Rodrigues explicou ainda que a Operação Monte Carlo é consequência de uma prosaica investigação do Ministério Público Estadual de Goiás sobre o funcionamento de caça-níqueis na cidade de Valparaíso (GO). Com o aprofundamento da apuração, as autoridades chegaram à quadrilha de Cachoeira e a seus tentáculos. Foi quando a operação passou às mãos do Ministério Público Federal. O depoimento do delegado teve início por volta das 10h40 e deve seguir até a noite.

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