PT lava as mãos e abandona prefeito na CPI
Petistas se recusaram a questionar prefeito Raul Filho, que pode ser expulso da legenda
Confirmando as expectativas de não sair em defesa do prefeito de Palmas, Raul Filho, durante o depoimento do político à CPI do Cachoeira, o PT lavou as mãos e abandonou a sala onde a oitiva era feita nesta terça-feira. Com exceção do relator, o petista Odair Cunha (PT-MG), nenhum outro correligionário questionou o prefeito, flagrado em vídeo oferecendo vantagens ao contraventor Carlinhos Cachoeira em troca de financiamento de parte de sua campanha ao Executivo local. As imagens, apreendidas pela Polícia Federal, são de 2004.
O ensaio dos petistas de deixar o prefeito sem apoio político no depoimento à CPI revela a intenção já tomada nos bastidores do partido: Raul Filho deverá enfrentar um processo de expulsão da legenda.
Ao longo da oitiva, o relator Odair Cunha se valeu de uma pergunta sobre a “trajetória política” do depoente para que ele revelasse não ser um quadro histórico do PT. Antes de integrar os quadros petistas, Raul Filho já foi filiado ao PSD, PFL, PSDB e PPS.
Depois de quase cinco horas de depoimento, o único petista que ainda permanecia inscrito para fazer perguntas, o deputado Doutor Rosinha (PT-SP), abriu mão de quaisquer questionamentos.
“O sentimento era que ele tinha que ficar de pé. Ele tinha que convencer a todos e trazer argumentos de que não estava envolvido no esquema”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que presidiu a maior parte da sessão da CPI desta terça. “Como ouvinte, eu não me senti convencido”, revelou.
Também para o relator da comissão de inquérito, Odair Cunha, “o depoimento não convence”. “Ele não é firme. Uma hora fala que encontrou uma vez, outra hora fala que encontrou duas vezes com Cachoeira. É difícil. Ele não esclareceu as suspeitas”, opinou.
Na avaliação de Cunha, os indícios de envolvimento de Raul Filho com o esquema de contravenção são “muito contundentes”. “Há contradições no depoimento do prefeito, o que impõe que a investigação prossiga”, afirmou.
“O mais revelador é o modelo de operação da organização criminosa, um padrão de comportamento onde se financiam campanhas eleitorais em troca de benefícios contratuais nas gestões”, disse o parlamentar.