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PT deve indicar Paulo Teixeira para relatoria de CPI

Escolha de deputado tenta impor à comissão o viés petista: desmoralizar adversários políticos e imprensa - tudo para tirar foco do mensalão

Por Gabriel Castro
19 abr 2012, 20h51

O PT deve indicar o deputado federal Paulo Teixeira (SP) para a relatoria da CPI do Cachoeira, que foi instalada nesta quinta-feira no Congresso Nacional. A escolha de Teixeira casa com os interesses subterrâneos que os petistas têm na criação da comissão: desmoralizar adversários políticos e a imprensa. Parte da bancada e integrantes da base aliada preferiam o nome de Cândido Vaccarezza (SP) para relator. Mas o deputado, de perfil moderado, impôs condições para assumir a relatoria: não estava disposto a atacar e constranger partidos de oposição ou jornalistas. Assim, a preferência da legenda se voltou para Teixeira, mais agressivo. A intenção dos petistas de usar a CPI como ferramenta política foi mostrada em reportagem da edição desta semana de VEJA. O PT quer desviar o foco de debate do mensalão, que deve ser julgado ainda este ano pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

O senador Vital do Rêgo Filho (PMDB-PB) deve ser o escolhido para presidir a comissão. Pouco entusiasmados com a CPI, os peemedebistas têm em Vital o único candidato a comandar os trabalhos. E mesmo o parlamentar paraibano não demonstra muita disposição com o cargo: no início da semana, ele disse torcer para que a investigação não fosse necessária. Na avaliação dele, a CPI só foi proposta porque o Supremo Tribunal Federal (STF) negou ao Conselho de Ética do Senado o acesso ao inquérito contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Vital tinha esperança de que o STF voltasse atrás, compartilhasse as informações e tornasse desnecessária. Recém-instalada, a CPI também já traz uma notícia inusitada: um dos parlamentares indicados para compor a comissão está envolvido com o contraventor que pretende investigar, Carlinhos Cachoeira. Trata-se de Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), flagrado em pelo menos seis conversas suspeitas com um dos mais atuantes integrantes do esquema do bicheiro goiano: Idalberto Matias Araújo, o Dadá. O elo entre os dois foi revelado em grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O nome de Protógenes foi apresentado na noite desta quinta-feira pela bancada do PCdoB para compor a lista de integrantes da comissão, que terá representantes da Câmara e do Senado. O suplente dele será Osmar Júnior (PI). Antes de ser pego pelo grampo, Protógenes foi o autor do requerimento de criação da CPI. As conversas gravadas revelam o empenho do deputado em orientar Dadá na investigação aberta contra ele próprio, no ano passado. O PTB também apresentou, nesta quinta, os seus indicados pela Câmara: Silvio Costa (PE) e o suplente Arnaldo Faria de Sá (SP). “São os dois que se dispuseram. Alguns deputados não gostam de participar de CPI”, explicou o líder do partido na Casa, Jovair Arantes. O político minimizou o fato de também ter sido citado nas escutas da Operação Monte Carlo. “Fui citado muito en passant. Eu até estranho que continuem citando o meu nome como se eu estivesse envolvido.” Ainda na Câmara, o PSB indicou Paulo Foleto (ES), titular e Glauber Braga (RJ), suplenjte. No PDT, a vaga principal é de Miro Teixeira (RJ), com Vieira da Cunha (RS) de substituto. O PSC terá Filipe Pereira (RJ) como titular e Hugo Leal (RJ) como suplente. O PDT indicou, pelo Senado, Pedro Taques (MT): ex-promotor de Justiça, ele tem se destacado pela atuação incisiva diante de casos de corrupção. Outros integrantes da comissão tiveram seus nomes apresentados nas últimas horas. A CPI será composta por 15 deputados e 15 senadores titulares, com igual número de suplentes. A comissão concluirá os trabalhos em até 180 dias. Repercussão – O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), o primeiro atingido pelo escândalo de Carlinhos Cachoeira, reconheceu nesta quinta-feira que o Congresso tem razão em instalar a CPI. “Eu respeito o Congresso”, afirmou o senador. Ele reiterou que fará sua defesa no Conselho de Ética “no momento oportuno”. Demóstenes justificou o fato de não ter assinado o requerimento da comissão dizendo que não faz falso heroísmo. “A vida toda sempre fui assim, sou uma pessoa coerente, não tinha razão para assinar o requerimento.” Enquanto isso, o governo federal esforçou-se para não demonstrar preocupação com a criação da CPI, a primeira da administração Dilma Rousseff. “A CPI começa com o foco fora do governo”, disse nesta quinta o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). “Qualquer um pode eventualmente aparecer nas investigações e, se aparecer, vai ter de responder. Quanto ao governo, podem ficar tranquilos, porque nós estamos tranquilos.” Interlocutor próximo da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que a CPI é assunto restrito ao Legislativo. “O governo não tem com o que se preocupar a não ser em cumprir o nosso papel, que é conduzir o país”, disse Carvalho, após evento no Palácio do Planalto. “O Legislativo cuida da pauta dele e nós cuidamos da nossa.” (Com Agência Estado)

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