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Propina a Bendine foi entregue a taxista em SP, diz MPF

Preso e apontado como intermediário de dinheiro ao ex-presidente da Petrobras, empresário encarregou Marcelo Casimiro de coletar 'encomendas' da Odebrecht

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jul 2017, 19h24 - Publicado em 27 jul 2017, 17h48

Os 3 milhões de reais em propina que a força-tarefa da Operação Lava Jato diz terem sido pagos pela Odebrecht ao ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, preso nesta quinta-feira, não foram recebidos pessoalmente por ele, tampouco pelos irmãos Antônio Carlos e André Gustavo Vieira da Silva, apontados como intermediários do dinheiro sujo a Bendine. Dividida em três parcelas de 1 milhão de reais, a fortuna foi entregue por um integrante do departamento de propinas da empreiteira baiana nas mãos do taxista Marcelo Marques Casimiro, de 38 anos, entre meados de junho e o início de julho de 2015.

Morador da cidade de Cotia, na Grande São Paulo, Casimiro foi alvo de um mandado de condução coercitiva na Operação Xepa, 26ª fase da Lava Jato, em março de 2016. A operação foi um desdobramento da Operação Acarajé e mirou, sobretudo, o chamado Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, onde o nome do taxista figurava como receptor do dinheiro destinado a “Cobra”, codinome de Aldemir Bendine na empreiteira.

Em depoimento aos investigadores naquela ocasião, ele confirmou ter recebido, a pedido de Antônio Carlos, “pacotes fechados de plástico” no apartamento número 43 do edifício Option Sampaio Viana, na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista, alugado pelo empresário. Marcelo Casimiro explicou, contudo, que não sabia que as “encomendas” que recolheu nos dias 17 e 24 de junho e 1º de julho de 2015 eram dinheiro de propina da Odebrecht. .

“Respondeu que fez tudo isso para atender a pedidos do Sr. Antonio, o qual se encontrava na cidade de Recife e, por confiança depositada no declarante, o pedia para ir nesse endereço e receber encomendas que seriam lá entregues. Que não sabia que se tratava de dinheiro, pois o que recebeu foram pacotes fechados de plástico.”, diz o relatório da oitiva do taxista.

Como era praxe no departamento de propinas da Odebrecht, o funcionário da empreiteira responsável pela entrega do dinheiro só liberava o montante depois de ouvir uma senha do recebedor. Nas três ocasiões em que recolheu valores destinados a Bendine, Marcelo Casimiro teve de dizer “Oceano”, “Rio” e “Lagoa”. Os códigos, afirma o taxista, eram informados a ele por Antônio Carlos Vieira da Silva.

“Perguntado o que foi feito com o dinheiro recebido, para quem o entregou e como, respondeu que limitava-se a receber essas encomendas e os deixava no interior do apartamento, permanecendo a chave na portaria do prédio. O Sr. Antonio, quando fazia contato e lhe pedia para receber “encomendas” no apartamento mencionado, lhe passava também as senhas que teria que dizer ao entregador das encomendas em questão”, afirmou Casimiro, conforme relatório do depoimento.

Quando questionado se recebia parte do conteúdo dos pacotes, Marcelo Casimiro respondeu que não. Segundo o taxista, ele deixava o taxímetro ligado enquanto coletava as “encomendas” e recebia de Antônio Carlos  somente o valor ali indicado. Também ouvido pela Polícia Federal na Operação Xepa, o empresário declarou que nem sequer conhecia Casimiro, mas não soube explicar por que o taxista esteve três vezes no apartamento locado por ele.

Para o Ministério Público Federal, Marcelo Marques Casimiro “possui estreitos relacionamentos” com os irmãos Vieira da Silva. Os investigadores já haviam monitorado, em junho de 2014, um depósito de 440.000 reais por Casimiro em uma conta de Antônio Carlos.

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A respeito dessa remessa, o taxista disse que foi um “favor” ao empresário, que andava muito ocupado. “Foi o próprio Sr. Antonio que lhe teria solicitado o favor de realizar esse depósito na conta bancária do Sr. Antonio, e a razão pela qual o declarante teria realizado referido depósito foi fazer um favor ao Sr. Antonio o qual, naquele momento, se encontrava envolvido em uma reunião e não podia realizá-lo”, diz o relatório da PF.

Confrontado com mais esse “serviço” de Marcelo Casimiro em seu benefício, Antônio Carlos respondeu que não sabia que o valor havia sido depositado em sua conta.

Embora tenha sido o receptor original do dinheiro destinado a Aldemir Bendine por meio de Antônio Carlos e André Gustavo Vieira da Silva, os três presos na Operação Cobra, nesta quinta-feira, o taxista não foi alvo de novos mandados da Polícia Federal.

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