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Promotoria diz que investigação foi conduzida para comprovar crime passional

Acusação contesta fiabilidade da coleta de provas e afirma que versão de crime passional foi assumida pela investigação antes da conclusão da perícia

Por Da Redação
10 Maio 2013, 11h48

O quinto dia de júri dos quatro ex-seguranças acusados de participação na morte do empresário Paulo César Farias, o PC, e sua namorada Suzana Marcolino, começou com os debates entre acusação e defesa, fase final antes da determinação da sentença. O primeiro a falar foi o promotor Marcos Mousinho, que contestou a perícia realizada na cena do crime e afirmou que a investigação foi conduzida, desde o início, para comprovar a tese de crime passional.

“Momentos após o crime, o delegado designado para o caso dava uma entrevista dizendo que se tratava de crime passional. Em seguida, a filha de PC recebe uma ligação do tio dizendo que Suzana matou seu pai e se matou. E a perícia, que havia acabado de começar seu trabalho, onde ficou?”, ponderou o promotor.

Um dos erros que Mousinho apontou na perícia feita pela Polícia Civil de Alagoas foi o uso de água mineral do copo que estava no criado-mudo do quarto onde foram encontrados os corpos para realizar os exames periciais, e não água destilada, como o indicado.

“Vejam a precariedade dos exames periciais. Esse exame residuográfico já contaminou toda prova posterior e foi fundamental para reforçar a tese de crime passional.” Segundo o promotor, a água, da marca francesa Perrier, contém metais que podem ter influenciado no resultado do exame que afirmou que havia pólvora nas mãos de Suzana. Mousinho também questionou o fato de não ter sido feito o mesmo exame nas mãos das outras pessoas que estavam na casa na hora do crime, entre eles os quatro réus.

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Sobre Suzana ter uma arma – usada nas mortes -, o promotor defendeu que ela estava sendo seguida por dois detetives, um deles contratado por PC, e que teria comprado o revólver para se defender, e não para matar o namorado. A promotoria afirmou ainda não haver provas de que PC pretendia terminar a relação com Suzana – fato sustentado pela defesa na tese de crime passional.

Ao defender que os seguranças não evitaram a morte de PC e da namorada, o que caracterizou a acusação de omissão, o promotor apontou o fato dos réus afirmarem não terem ouvidos os tiros. Mousinho também reforçou o resultado presentado pela contra perícia, realizada por peritos da USP, de que a altura de Suzana não possibilitaria o trajeto da bala encontrado em seu corpo no caso de suicídio, além da ausência de sangue na arma – o que indicaria que o revólver foi limpo após o crime.

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“As perícias já tinham me convencido nos autos e me convenceram ao vivo. Eles [os peritos] são bons, expoentes na suas profissões. Porém, defeitos da primeira perícia aparece nos testes, e isso é fundamental”, concluiu o promotor, pedindo pela condenação dos quatro réus “pois eles podiam evitar aquele resultado de morte, quando a pericia me diz que Suzana naquele dia não efetuou disparos de armas de fogo.”

Nesta quinta, os réus – José Geraldo da Silva, Adeildo dos Santos, Reinaldo de Lima Filho e Josemar Faustino – falaram ao júri e negaram envolvimento com o crime. Também foram ouvidos os peritos de São Paulo que fizeram a segunda perícia do caso. O médico legista da Universidade de São Paulo (USP) Daniel Muñoz afirmou que as análises indicaram, tecnicamente, que o casal foi assassinado.

Já os peritos que estiveram na cena do crime afirmaram diante do júri os primeiros exames identificaram resíduos químicos nas mãos de Suzana, o que levou a concluir que havia ocorrido um homicídio e depois um suicídio. A perícia, no entanto, não encontrou digitais de Suzana na arma.

Histórico – PC Farias foi o cabeça do esquema corrupto instaurado no governo de Fernando Collor no início dos anos 90. Em troca de dinheiro, facilitava a vida de empresários interessados em tocar obras públicas, aproveitando-se da influência que exercia sobre o então presidente. PC nomeou, demitiu e influenciou as decisões do governo. Comandando um esquema de poder paralelo, traficou influência e desviou recursos públicos, como ficaria provado por uma série de documentos revelados por VEJA na época.

Em 1993, ao ter sua prisão preventiva decretada, PC fugiu do país para a Tailândia – e voltou algemado. No ano seguinte, foi condenado a sete anos de prisão por falsidade ideológica e sonegação fiscal, mas fugiu do país em seguida. Cumpriu um ano e meio de prisão, até obter a liberdade condicional por decisão do Supremo Tribunal Federal. Fora da cadeia, tentou retomar sua vida como empresário, até que foi encontrado morto.

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