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Procurador sugeriu ‘delações à la carte’, diz advogado a CPMI

Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht de 2011 a 2016, afirma que Marcelo Miller listou parlamentares e perguntou: ‘Qual deles o senhor pode entregar?’

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 30 nov 2017, 22h21 - Publicado em 30 nov 2017, 18h04

O advogado espanhol Rodrigo Tacla Duran, que trabalhou para a Odebrecht de 2011 a 2016, acusou o ex-procurador Marcello Miller, que já trabalhou no gabinete do ex-procurador-geral Rodrigo Janot, de preparar “delações a la carte”.

Duran contou aos parlamentares, nesta quinta-feira, 30, em depoimento à CPMI da JBS, por videoconferência da Espanha, onde mora, que Miller tentou negociar com ele seu acordo de colaboração premiada e o incitou a dizer quais políticos e autoridades públicas poderia entregar.

“Quando esteve comigo, Marcello Miller começou a listar parlamentares. Ele começava a falar nomes de políticos, autoridades estatais: ‘Qual deles o senhor conhece? Qual o senhor pode entregar?'”, afirmou antes de criticar a conduta do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato. “Estão fechando processos penais batendo carimbo, sem investigar. Esse é o sentido da indústria da delação”, afirmou.

Duran também afirma ter participado de uma reunião com integrantes da Lava Jato, em Curitiba, na qual Miller pediu a ele que gravasse uma conversa com advogados da Odebrecht. Segundo ele, o pedido teria ocorrido durante uma das reuniões para negociar um acordo de colaboração premiada. Ele não especifica a data desse encontro. “Eu fui convocado para uma reunião na Odebrecht e, quando comuniquei isso [aos procuradores], Marcello Miller sugeriu: ‘então vai lá e grava’. Neste momento o [procurador] Sérgio Bruno disse para eu escutar a reunião e contar para eles”.

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Em seu primeiro depoimento à CPMI, concedido aos deputados Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ), na Espanha, o advogado disse ainda que Miller e Bruno, à época integrantes do grupo de trabalho da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, participaram de algumas reuniões de negociação do acordo porque havia “interesse” em saber se ele “tinha alguma informação ou situações que envolvessem pessoas com foro privilegiado”.

Moro

O advogado tem um pedido de prisão expedido pelo juiz Sergio Moro, mas se mantém em liberdade na Espanha, onde vive atualmente. Por causa do pedido feito pelo magistrado, Tacla Duran foi alvo de um pedido de extradição para o Brasil, o que foi negado por autoridades espanholas.

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Tacla Duran se recusou a entrar no acordo de delação que envolveu 77 executivos ligados à empreiteira. Ele é acusado de operar, ao lado de executivos do chamado “departamento de propinas” da Odebrecht, pagamento de suborno de dois contratos firmados pelos consórcios Pipe Rack e TUC, integrados pelas empresas Odebrecht e UTC, com a Petrobras para a construção do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Temer

No depoimento desta quinta-feira, ele também afirmou que Janot usou documentos adulterados em denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). Para ele, as provas são falsas.

Ele se refere aos documentos do sistema de comunicação secreto do setor de propinas da Odebrecht, chamado de Drousys. O advogado disse aos parlamentares que contratou uma perícia que mostra que sistemas internos da empreiteira foram adulterados antes de serem entregues ao Ministério Público Federal.

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