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Procurador da Lava Jato diz que troca de governo não significaria ‘absolutamente nada’ para rumos da operação

Eventual posse de Temer, em caso de impeachment de Dilma, não deve afetar a independência das investigações

Por Da Redação
30 mar 2016, 16h23

O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse que uma troca de governo não deve afetar a independência das investigações. O procurador participou nesta quarta-feira de uma palestra para empresários realizada pela Câmara Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos, Amcham.

“Em um país com instituições sólidas, a troca de governo não significa absolutamente nada. Quero crer que nenhum governo no Brasil signifique alterações de rumo no Ministério Público, no Judiciário, na Polícia Federal. Deveria ser assim”, afirmou, sobre um eventual governo de Michel Temer (PMDB), em caso de impeachment de Dilma Rousseff.

Em referência aos grampos telefônicos envolvendo o ex-presidente Lula, Lima disse que há riscos de obstrução da Lava Jato “quase que diariamente”. “As interceptações telefônicas mostram isso. Colaboradores mostram isso. Agora, creio que as pessoas perceberam que o risco de tentar obstruir a Lava Jato é muito grande”, afirmou em entrevista realizada após a palestra.

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Denúncia – Questionado sobre uma eventual denúncia contra o ex-presidente Lula, Carlos Fernando dos Santos Lima disse que ainda não há uma definição sobre o assunto. Enquanto não se decide juridicamente se Lula pode assumir a Casa Civil e se, portanto, tem foro privilegiado ou não, a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba trabalha de forma integrada com a equipe da Procuradoria-Geral da República (PGR), comandada por Rodrigo Janot. Se for considerado que Lula tem foro, a denúncia teria de ser apresentada pela PGR.

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O procurador da Lava Jato também rebateu as acusações feitas recentemente por Lula, de que a operação teve impacto negativo na economia brasileira. Segundo Lima, por trás desse discurso há a intenção de proteger o patrimônio de grandes empreiteiras que são controladas por famílias. “Por isso somos muito rígidos em relação às leniências [aos acordos de leniência]. Se fosse uma empresa de capital aberto, a questão seria mais justa, mas salvar uma empresa de capital fechado, de propriedade de famílias que se beneficiaram? Vejam a história, por exemplo, dessas planilhas antigas de uma determinada empreiteira [Odebrecht]. Vamos salvar o patrimônio delas?”, questionou. “Está certo, é preciso salvar empregos, concordo, entretanto, esse é um discurso que, por trás dele, está a salvação do patrimônio dessas famílias.”

Para Lima, o problema da corrupção no Brasil é do sistema, que é corruptor “por natureza”. “O que me preocupa é a verificação de que a corrupção está entranhada no nosso sistema econômico e político. Não vou dizer cultural porque não sou daqueles que vai chamar brasileiro de Macunaíma”, disse, ao defender que o caso brasileiro tem solução. E prosseguiu: “O primeiro diagnóstico que me causa muita tristeza é que a democracia brasileira nunca foi efetiva, seja pelo coronelismo da República Velha, seja pelo abuso do poder econômico na democracia atual. Temos um sistema político partidário extremamente caro, eleições que demandam muito dinheiro. Temos um sistema partidário que permite multiplicação de partidos para obtenção de benesses”, completou.

(Com Estadão Conteúdo)

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